Destaque

Shell revê sua atuação em exploração e produção no Brasil

  • 1/12/2022
    • Share

A Shell também vive um momento de transição no Brasil. De acordo com uma fonte ligada à própria companhia, os anglo-holandeses estão reavaliando sua estratégia na área de exploração e produção de petróleo no país. Segundo o RR apurou, um dos cenários discutidos contempla a possibilidade da empresa deixar de atuar como operadora no país. Ou seja: a Shell se limitaria a participações societárias menores em parceria com outras petroleiras, que assumiriam a gestão dos blocos. O timing da “transição” não seria mera coincidência. Às vésperas do retorno de Lula ao Poder, talvez a companhia esteja se adequando, desde já, a uma política, digamos assim, mais “petista” para a indústria de óleo e gás. No setor, por exemplo, já há quem associe a volta do ex-presidente a um novo aperto nas regras sobre conteúdo nacional, amarras que foram sendo desafrouxadas nas gestões Temer e Bolsonaro.

O que vai sair de dentro da concha da Shell em relação ao Brasil ainda é uma incógnita. No entanto, a companhia já tem feito alguns movimentos que sinalizam uma mudança de rota no Brasil. De acordo com a mesma fonte, a empresa procura um comprador para a sua parte no Parque das Conchas (BC-10), que reúne três campos em águas profundas na Bacia de Campos. Sua fatia acionária é de 50% – o restante do capital está dividido entre a indiana Oil and Natural Gas Corporation (27%) e a Qatar Petroleum International (23%). A companhia teria planos de se desfazer também de sua participação no projeto Gato do Mato, na Bacia de Santos. Na semana passada, os anglo-holandeses anunciaram o adiamento dos investimentos no campo. Some-se ainda o fato de que a Shell está descomissionando o campo de Bijupirá-Salema, na Bacia de Campos, do qual é acionista majoritária (80%) e operadora. O pouco que ainda resta de produção na área deve ser definitivamente suspenso no ano que vem. 

Em contato com o RR, a Shell informou que “Como acontece em todos os ativos em nosso portfólio, estamos sempre revendo nossas posições, o que é rotina numa atividade de gestão de portfólio.” Sobre Gato do Mato, a empresa confirmou a decisão “de estender o prazo de avaliação do projeto. Com o forte aumento de custos no mercado registrados no último ano e com a persistente incerteza, precisaremos de mais tempo para reavaliar o escopo, o desenvolvimento e a estratégia de contratação do campo.” Em relação à BC-10, a empresa garante que “nenhuma decisão de saída do negócio foi tomada e nós contratamos recentemente uma sonda que fará o trabalho de MOBO e infill. As atividades de integridade do ativo estão sendo realizadas de maneira contínua, e estamos aprofundando os trabalhos referentes ao futuro descomissionamento de BC-10.” O RR perguntou especificamente à Shell sobre a possibilidade de a empresa deixar de atuar como operadora no Brasil. O que disse a companhia? “Continuamos a explorar opções para ampliar nossa presença em águas profundas, como operadores ou não, como demonstramos nos últimos leilões.” Para bom entendedor…

#Lula #Shell

Leia Também

Todos os direitos reservados 1966-2024.