As conversas entre a diretoria do Santos e Neymar têm causado um frenesi no mercado da bola. Nos últimos dias, a notícia de que o jogador poderia voltar ao Brasil para ser um dos acionistas da SAF do clube paulista estourou no noticiário como uma queima de fogos na Vila Belmiro. Sentido até faz. O atleta é dono de um patrimônio avaliado em cerca de US$ 1 bilhão, ou quase R$ 5,8 bilhões. Daria para comprar o Santos quatro vezes, tomando-se como base o valuation estimado da SAF, entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão.
No entanto, pessoas próximas a Neymar afirmam que o seu envolvimento com o “Santos empresa” não deverá chegar a tal ponto, com a sua entrada no capital. O próprio Neymar Pai, que funciona como o CEO da “holding Neymar”, não seria favorável a tamanho risco. O jogador teria um outro papel no esquema tático para a venda da SAF.
Seria uma espécie de broker, usando sua marca, seu prestígio e – por que não? – contatos internacionais para ajudar o Santos na busca por investidores. Ressalte-se que, no passado recente, surgiram notícias sobre um suposto interesse da Qatar Sports Investments (QSI), controladora do PSG, ex-clube de Neymar, pelo Santos. Fala-se também de que o jogador seria a ponte para investidores da Arábia Saudita, onde ele joga atualmente.
Desde que a Lei da SAF foi aprovada, a imagem de um sheik árabe com uma mala de dinheiro povoa o imaginário de torcedores dos mais diversos clubes. Os santistas, no entanto, têm um motivo particular para acreditar nessa possibilidade. O atual clube de Neymar, o Al-Hilal, é controlado pelo Public Investment Fund, fundo soberano da Arábia Saudita, que soma quase US$ 1 trilhão em ativos.
Nessa triangulação entre árabes, Santos e o jogador, há múltiplas possibilidades de tabelinha. A composição financeira do negócio poderia contemplar, por exemplo, a contratação de Neymar como um dos embaixadores da candidatura da Arábia Saudita para sediar a Copa do Mundo de 2034, papel já desempenhado por Lionel Messi.
O que quer que esteja por trás da possível contratação de Neymar, o fato é que todas as negociações terão de passar pela mesa de um personagem poderoso na política do Santos: seu atual presidente, o empresário Marcelo Teixeira. Com negócios na área de educação e mídia na cidade, Teixeira tem uma relação bastante próxima com o pai de Neymar.