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A Cosan negocia a compra de participações do TIAA (Teachers Insurance and Annuity Association of America), fundo de pensão dos funcionários dos Estados Unidos, em investimentos conjuntos no setor fundiário no Brasil. Segundo o RR apurou, o pacote engloba terras na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) – apenas duas das fazendas, localizadas no oeste baiano, somam mais de dez mil hectares. Essas áreas passariam integralmente ao controle da Radar, o braço de propriedades agrícolas do grupo de Rubens Ometto.
A operação poderá levar ao descruzamento definitivo das demais participações da Cosan e do TIAA em terras no país, um processo iniciado há cerca de dois anos. Em setembro de 2021, o conglomerado brasileiro comprou o equivalente a 47% da própria Radar, então pertencentes à Mansilla Participações, veículo de investimento do fundo de pensão. Consta que os norte-americanos ainda mantêm uma participação minoritária na empresa.
Os negócios fundiários da Cosan e da TIAA têm arranhado a reputação institucional de ambas. Não é de hoje que pairam suspeições sobre os investimentos da dupla. Uma das acusações é que o fundo de pensão teria montado, em parceria com o grupo brasileiro, uma complexa teia de empresas (Radar Propriedades Agrícolas, Radar Propriedades Agrícolas II, Tellus Brasil Participações e Janus Brasil Participações) para camuflar suas participações e driblar as restrições legais à presença de estrangeiros no setor. Há suspeitas também de que Cosan e TIAA teriam comprado terras – exatamente na região do Matopiba – do Grupo De Carli, citado em denúncias de grilagem.
São acusações especialmente delicadas para um fundo de pensão obrigado a cumprir rígidas regras de compliance, como é o caso do TIAA, um potentado com mais de US$ 1,3 trilhão em ativos e cerca de seis milhões de contribuintes ativos e aposentados. O RR encaminhou uma série de perguntas à Cosan, mas o grupo não quis comentar o assunto. O TIAA, por sua vez, afirma que “Através de parcerias locais, todas as estruturas de investimento cumprem a legislação brasileira para a propriedade de terras por estrangeiros”.
O fundo diz que “leva a sério o investimento sustentável e somos investidores de longo prazo em terras agrícolas. Avaliamos o impacto dos nossos investimentos nas comunidades locais e garantimos que as terras que adquirimos e mantemos cumprem todos os requisitos governamentais para proteção de florestas e habitats naturais.”. Perguntado especificamente sobre a venda de terras para a Cosan na região do Matopiba, o TIAA não se manifestou.
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