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Alpargatas pisa firme para ajustar sua logística e recuperar margens de lucro

  • 4/09/2024
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O executivo Fernando Rosa, recém-contratado para comandar a marca Havaianas no Brasil, é visto dentro da Alpargatas como o homem certo na hora certa. Rosa terá a missão de acelerar a “reforma logística” da fabricante de calçados, leia-se o redesenho do seu sistema de distribuição no país, um processo complexo iniciado pelo CEO, Liel Miranda.

Na mira, revisão de rotas, correções de processos nos centros de distribuição de Extrema (MG) e de Campina Grande (PB) e ajustes ainda mais finos na política de estoques. Tudo em nome do tripé redução do tempo de entrega, corte de custos e, consequentemente, recuperação das margens de lucro. Rosa, ex-CEO da Kraft Foods, carrega toda a experiência que adquiriu em sua antiga casa na logística de produtos para o varejo.

A questão é vista dentro da própria Alpargatas e por investidores como o calcanhar de aquiles da companhia – foi, inclusive, um dos fatores que pesaram na saída do ex-CEO, Roberto Funari. Mesmo com os ajustes que vêm sendo feitos desde o fim de 2023, a empresa ainda teria problemas com a gestão de pedidos e com custos de estoque.

Mesmo que neste último quesito a Alpargatas já apresente melhoras consistentes, conforme consta no balanço do segundo trimestre. O custo dos produtos vendidos caiu 16% YoY (Year over Year). O volume de vendas subiu 22% na comparação com o segundo trimestre de 2023.

A diretoria da Alpargatas, no entanto, ainda vê espaço para cortar despesas e subir as margens. A própria reestruturação tem um impacto financeiro no curto prazo. No segundo trimestre, por exemplo, a margem Ebitda da divisão Havaianas Brasil foi de 11%, contra 14% no trimestre anterior. A queda se deu exatamente por conta da baixa e provisões de estoques.

De qualquer jeito, com ou sem write offs, o índice ainda está muito baixo do esperado pelos acionistas e pelo mercado. O desafio da empresa é voltar aos níveis de 2020. Com pandemia e tudo, a fabricante de calçados chegou a uma margem Ebitda de 25%. Perguntada pelo RR sobre os ajustes, a Alpargatas disse, por meio da assessoria, que “esses tópicos foram abordados durante o balanço da companhia no início deste mês. Seguiremos apenas com o que foi divulgado no relatório e na conferência à época.”

Consultada sobre futuras medidas e sobre o entendimento de analistas do mercado de que a estrutura de custos ainda é um gargalo, a empresa não se pronunciou.

A Alpargatas é uma espécie de Itaú Unibanco do setor calçadista. Seus controladores são as famílias Setúbal e Moreira Salles, por meio, respectivamente, da Itaúsa e da Cambuhy. O paralelo com o banco, no entanto, se limita à interseção societária.

O desempenho recente da empresa não se coaduna com os resultados de excelência com os quais os Setúbal e os Moreira Salles estão habituados. No ano passado, a Alpargatas teve um prejuízo de R$ 1,8 bilhão e um Ebitda negativo de R$ 1,3 bilhão, números que foram impactados pela necessidade de um impairment de R$ 1,2 bilhão relacionado às aquisições da marca de calçados sustentáveis Rothy’s e da empresa de softwares Ioasys. 

#Alpargatas #Havaianas

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