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Acordo de acionistas aumenta a voltagem na NeoEnergia

  • 1/02/2013
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Os espanhóis não perdem a pompa. Apesar de fragilizados por uma situação econômica nacional que não recomenda voluntarismos, executivos da Iberdrola desembarcarão no Brasil logo após o Carnaval querendo, no mínimo, o máximo. A Iberdrola pretende simplesmente tomar a gestão da NeoEnergia, tirando a Previ e o Banco do Brasil do gramado e os jogando para o alto da arquibancada. Quer também, a fórceps, empurrar para dentro da holding a Elektro, distribuidora paulista pertencente ao grupo ibérico. É neste tom que os espanhóis vão começar as conversas para a elaboração do novo acordo de acionistas da NeoEnergia, motivo de sua vinda ao Brasil. O que se anuncia é um quadro de pinceladas nervosas. Os espanhóis querem pintar o fundo de pensão e o BB no melhor estilo El Greco, transformando-os em personagens esquálidos. Ainda que aos trancos e barrancos, Previ e BB mantêm um pé na administração da NeoEnergia. No entanto, a Iberdrola entende que tem o direito de assumir com plenos poderes a gestão da companhia em contrapartida a  sua “boa-vontade”. Por “boavontade” entenda-se a decisão do grupo de recolher os flaps e desistir da pressão que vinha fazendo para comprar parte das ações em poder da Previ e do BB, permanecendo com 39% do capital. No modelo idealizado pelos espanhóis, o fundo de pensão e o BB passarão a ter poder de veto e de voto apenas em decisões estratégicas, seja lá o que isso quer dizer. Procurada, a Neo- Energia informou que “não comenta assuntos relacionados a seus acionistas”. Outra questão polêmica diz respeito a  Elektro, comprada pelos espanhóis em 2011. A Iberdrola defende sua incorporação pela Neo- Energia. Alega ganhos fiscais e vantagens de escala para justificar a operação. a€ priori, o negócio soa como vantajoso para a Previ e o BB. Ambos passariam a ser sócios de uma NeoEnergia ainda mais encorpada e com um pé no mercado paulista. Seu faturamento pularia dos R$ 16 bilhões para mais de R$ 22 bilhões. No entanto, a fundação e o banco enxergam mais ônus do que bônus nessa operação. Neste caso, o slogan da Iberdrola poderia ser algo como “a paella é minha e as azeitonas são suas”. Aos olhos da Previ e do BB, a maior motivação dos espanhóis para jogar a Elektro dentro da NeoEnergia é dividir a conta referente ao programa de investimentos da empresa. Para os padrões do setor elétrico, os aportes não chegam a ser uma fortuna. O plano estratégico da Elektro prevê o desembolso de R$ 650 milhões no biênio 2013/2014. No entanto, duramente afetada pela grave crise espanhola, a Iberdrola tem feito enorme esforço para enxugar seus investimentos no exterior e compensar as perdas em sua terra natal. Tal qual um miúra, os espanhóis enxergam a Previ e o BB como sócios bons de sangrar. A crônica dos fundos de pensão e do banco, contudo, mostra que muitos touros já viraram churrasco

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