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Carrefour corta a própria carne em busca da rentabilidade perdida

  • 5/12/2011
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Está cada vez mais difícil para o Carrefour virar a página da agenda negativa que, nos últimos anos, tem pautado sua biografia no Brasil. Após o anúncio de um rombo contábil, a frustrada tentativa de associação com o Pão de Açúcar e os insistentes boatos de venda para o Walmart, os franceses têm feito contorcionismos na tentativa de reverter o decepcionante desempenho da subsidiária brasileira. A companhia está revendo o plano de investimentos já aprovado para 2012. Segundo informações filtradas junto ao próprio Carrefour, os cortes podem chegar a 20%. Os franceses vão também acelerar a venda de lojas pouco rentáveis. Há conversações com redes de médio porte do interior de São Paulo, onde os tropeços financeiros têm sido mais recorrentes. Em outubro, o Carrefour transferiu cinco estabelecimentos nas cidades de Ribeirão Preto, Jaboticabal e Salto para a Savegnago. Cada fisgada financeira no Brasil dói como um cálculo renal no balanço do Carrefour – a subsidiária é a terceira maior operação mundial do grupo. Os franceses estão desolados com os recentes números da filial. No terceiro trimestre deste ano, o aumento das vendas do Carrefour no Brasil foi de 7,5%. É quase a metade do crescimento das vendas registrado pela rede varejista no ano passado: 13,2%. Para os últimos três meses do ano, a previsão de alta da receita também estaria em torno dos 7%, abaixo tanto do índice do ano passado quanto das metas projetadas pelo grupo. O que mais tem preocupado os franceses é a performance dos hipermercados, o coração do Carrefour. Entre julho e setembro, a expansão das vendas neste segmento foi de apenas 1%. Significa dizer que o Atacadão tem carregado o grupo varejista nas costas. No último trimestre, o crescimento da receita da bandeira foi de 13%. No entanto, os próprios franceses não se iludem com este número. Ele traz embutido uma estratégia haraquiri da rede varejista, que se viu obrigada a cortar na própria carne e reduzir consideravelmente suas margens nos últimos meses. Ressalte-se que as perdas de rentabilidade só não foram maiores pelo aperto que o presidente do Carrefour no país, Luiz Fazzio, tem dado nos fornecedores – prática, aliás, que tem esgarçado aceleradamente as relações entre o executivo e alguns dos principais parceiros da rede francesa.

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