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Wal-Mart dobra a munição para o abate da Angeloni

  • 18/11/2010
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A saga da família Angeloni no varejo está com os dias contados. Ao menos no que depender da voracidade do Wal-Mart. Os norte-americanos lançaram uma nova investida sobre a rede de supermercados catarinense, uma das dez maiores do país. Dois anos após a primeira tentativa de compra do controle da Angeloni, o Wal-Mart voltou a  cena com a faca entre os dentes e o apetite redobrado. Promete usar todo o seu poderio financeiro para vencer a resistência dos Angeloni, notadamente o fundador da rede e patriarca da família, Antenor. Para isso, o grupo norte-americano está disposto a desembolsar até R$ 1 bilhão no negócio, quase 60% do faturamento da Angeloni previsto para este ano. Trata-se de uma oferta agressiva para um setor em que a maioria das aquisições costuma trabalhar com um múltiplo em torno de um terço da receita total. Procuradas pelo RR – Negócios & Finanças, o Wal-Mart não quis comentar o assunto e a Angeloni disse desconhecer a negociação. É bem verdade que a operação não terá impacto significativo sobre o ranking do varejo. O Wal-Mart passará de R$ 20 bilhões em vendas anuais para algo próximo de R$ 21,8 bilhões. Apenas reduzirá a distância para o vice-líder, o Carrefour, que deverá fechar o ano com receita acima de R$ 26,5 bilhões. No entanto, a rede norte-americana vai ampliar consideravelmente sua operação em Santa Catarina. Além de uma marca com forte apelo, como a Angeloni, herdará 22 lojas, 19 farmácias e seis postos de combustíveis. Se, para o Wal-Mart, a aquisição representará mais um passo em seu processo de expansão no Brasil, do lado da Angeloni, a questão vai além da fronteira empresarial. O que está em jogo é não apenas o destino da rede varejista, mas a própria harmonia familiar. No início de 2009, não por coincidência poucos meses depois da primeira ofensiva do Wal-Mart, Roberto Angeloni deixou a presidência do grupo catarinense. Foi substituído por Guto Fretta, seu cunhado. Sua saída foi uma súbita e dolorosa mudança no roteiro escrito pelo patriarca da família. Filho de Antenor Angeloni, Roberto foi preparado pelo pai por anos a fio para assumir o comando das empresas. Seu afastamento seria resultado de discordâncias quanto ao futuro da rede varejista. Ao contrário do pai, ele teria se mostrado simpático a  ideia de venda da Angeloni ao Wal-Mart. Roberto retornou a  empresa em janeiro deste ano, quando assumiu a diretoria de expansão. No entanto, as feridas familiares abertas no episódio de sua destituição da presidência ainda não teriam cicatrizado.

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