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Medo e júbilo frente à  convicção absolutista da Lei

  • 23/07/2015
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Marcelo Odebrecht encontra- se em uma situação difícil. Sua detenção foi transformada em símbolo da virilidade da Lei. Sua condenação é o emblema de uma nova orquestração entre poderes. Os que o defendem são acusados de acólitos do ancien régime, do peculato e da corrupção. Muito antes da Lava Jato se transformar no atual espetáculo, Marcelo Odebrecht vinha sendo caçado como exemplo dos “novos tempos”. Pode-se afirmar que a 14ª fase da Lava Jato já estava identificada na primeira investigação. O sistema, digamos assim, deixou bem claro que a operação soaria como uma derrota se o empresário não perfilasse entre os indiciados. Marcelo teria de ser o troféu, a cabeça do leão empalhada e pendurada na carceragem da PF, em Curitiba. A situação é kafkiana, pois se tornou uma afronta levantar um testemunho favorável ao empresário. Não bastasse a circunstância de antagonismo criada pelo Ministério Público, onde Lei e Justiça ocupam, cada uma, seu próprio galho, está encravado no imaginário nacional que as empreiteiras são o ícone da corrupção nacional. E a Odebrecht é a maior delas. Imagine uma corporação que representa um dos braços do departamento de Estado, onipresente na construção da infraestrutura, participante da defesa nacional e gigante da indústria em parceria com a maior empresa estatal. à‰ difícil conceber que os diálogos fossem monásticos no convento das reuniões de trabalho e negociações contratuais. Eram reais, crus, nus, com seus vícios de origem, e não permanentes acordos de corrupção mefistofélica. Qualquer conversa perscrutada em sua intimidade é passível de suspeição, até mesmo pela excessiva liberdade que a privacidade suporta. E, no novo regime, in dubio pró-acusador. Duvida-se que, confiscado o computador do juiz Sérgio Moro, não fosse encontrada qualquer frase passível de ser interpretada como desabonadora da sua conduta. O que se vê é a Polícia Federal fazendo uma impressionante exegese no conteúdo de bilhetes e recados da correspondência pessoal de Marcelo Odebrecht. Fora o exercício público de criptografia, temos as principais acusações, e elas são no mínimo controversas. O suposto pagamento de propina da Braskem a funcionário da Petrobras, com objetivo de reduzir o valor da nafta em contrato de longo prazo, não encontra sustentação na realidade – se alguém pagou, não levou, conforme demonstram as séries temporais dos preços do combustível. E a criminalização das pretensamente promíscuas viagens do ex-presidente Lula para defender a exportação de serviços fere o raciocínio lógico. Defender a exportação de serviços do Brasil em qualquer cantão do estrangeiro sem defender o interesse da Odebrecht é uma equação impossível. Mas, mexe e remexe, algum deslize Marcelo terá cometido. Já não interessa mais o tamanho do delito, tampouco a prioridade da Nação. O ofídio do monergismo deixa seu rastro de prepotência na consciência do país. Estamos todos vingados?

#Marcelo Odebrecht

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