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Wal-Mart atira com vários calibres no Pão de Açúcar

  • 10/02/2010
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O Wal-Mart está se pintando para a guerra. Os herdeiros de Sam Walton preparam uma reação ao salto do Pão do Açúcar no varejo brasileiro. Os norte-americanos estão debruçados sobre diversas possibilidades de aquisição no país. As hipóteses sobre a mesa vão de movimentos extremamente ousados, capazes de virar pelo avesso o varejo no Brasil, a investidas mais óbvias e conservadoras. Informalmente, os planos do Wal-Mart respeitam a seguinte hierarquia: I. O movimento mais audacioso seria justamente uma oferta pelos ativos do Casino no Brasil. Este passo transformaria o Wal-Mart em sócio do Pão de Açúcar. Ou, controlador. Tudo depende do que está escrito em um dos mais insondáveis contratos empresariais de que se tem notícia. Tudo é mistério no acordo entre o grupo francês e Abílio Diniz. Qual a participação do Casino? São os franceses que têm uma opção de compra da parte de Abílio ou Abílio, uma opção de venda para os franceses? Qual é a data para o exercício do put? Abílio permanece na gestão mesmo se vender sua participação? Enigmas a  parte, o Wal-Mart provocaria um terremoto no varejo brasileiro. Passaria a ter quase R$ 60 bilhões de faturamento anual. E o Cade? Bem, o passado recente tem mostrado que o Conselho não chega a ser um obstáculo irremovível para a consolidação de grandes grupos empresariais, vide a própria associação entre Pão de Açúcar, Ponto Frio e Casas Bahia. II. Descendo na escala de audácia, outra investida em pauta é a propalada aquisição dos ativos do Carrefour no Brasil. Os norte-americanos passariam a ter R$ 35 bilhões de faturamento no país, aproximando-se do Pão de Açúcar. Trata-se, no entanto, de uma operação complexa, quase uma cirurgia de nervo óptico. Além de um símbolo francês, o Carrefour é quase uma paraestatal, como, de resto, todos os grandes grupos locais. Vender a subsidiária brasileira para o Wal-Mart seria entregar aos norte-americanos uma operação estratégia do ponto de vista geopolítico. A aquisição exigiria uma negociação praticamente de Estado para Estado. É bem verdade que o Wal-Mart tem um pistolão no governo norte-americano. Hillary Clinton foi, por muitos anos, advogada do grupo. III. A terceira opção seria a aquisição do Makro. A rede holandesa vive a eterna síndrome da Dow Chemical. Volta e meia, é alvo de especulações de que está deixando o país. A empresa passa por um momento conturbado. A pressão da SHV por melhores resultados no Brasil resultou na saída de Rubens Batista Junior, substituído no comando da rede varejista pelo venezuelano Roger Laughlin. Outro fator que empurra o Makro na direção do Wal-Mart é a semelhança entre suas operações. O ponto de partida do grupo norte-americano no país foi o modelo de atacarejo, com a bandeira Sam?s Club. IV. Por fim, diante da impossibilidade de execução de projetos de maior arrojo, restaria ao Wal-Mart partir na direção de empresas menos votadas. Um dos alvos seria a maior das menores varejistas do país: a G. Barbosa. Quarta colocada no ranking do setor, a rede sergipana fatura cerca de R$ 2,8 bilhões e tem 50 lojas, todas no Nordeste. Sem massa crítica no Brasil, seu controlador, o grupo chileno Cencosud, surge como uma presa em potencial a investidas do andar de cima do varejo.

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