Abilio Diniz é quase uma Máquina de Vendas

  • 2/03/2015
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Durante o seu sagrado exercício matinal, enquanto resfolega sobre a esteira que o faz desafiar seus limites, Abilio Diniz abre um sorriso e se delicia com o próprio pensamento: “Eu vou fazer o Carrefour crescer em três anos mais do que eles cresceram em 40 no Brasil.” Uma fonte com doutorado em Abilio disse ao RR que os planos do empresário são tão nítidos quanto sua imodéstia. Ele está acelerando o passo na venda de seus imóveis com o objetivo de fazer caixa e deixar o Pão de Açúcar a ver fumaça do bólido Carrefour. Abilio, contudo, não colocaria dinheiro diretamente no hipermercado francês, mas, sim, em ativos com grande sinergia junto a  sua nova menina dos olhos. Ele planeja usar o Carrefour como trampolim para a montagem de uma operação que conjugaria o varejo convencional e a criação de uma cadeia de fornecedores em escala global – conforme o RR revelou na edição nº 5.029. Mas o empresário também enxergaria o futuro pelo retrovisor. Neste caso, segundo a mesma pitonisa, Abilio repetiria a fórmula que ele próprio desenvolveu no fim da década passada, ao juntar alimentos e eletroeletrônicos no mesmo tubo de ensaio. Se, na ocasião, misturou o Pão de Açúcar/ Ponto Frio a  Casas Bahia, desta vez os elementos químicos bem poderiam ser o Carrefour e a Máquina de Vendas. Só que, desta vez, Abilio Diniz se transmutaria, ao mesmo tempo, nele próprio e em Samuel Klein, repetindo um papel similar ao que o então proprietário da Casas Bahia desempenhou na ViaVarejo. Para isso, bastaria a compra de uma participação ou mesmo do controle da Máquina de Vendas e, posteriormente, aportar a empresa no Carrefour. Desta forma, ele ficaria nas duas pontas do negócio, como sócio do grupo francês e da rede de lojas de eletroeletrônicos. Simples, não? Para Abilio tudo é simples. A Máquina de Vendas é um cavalo que passa encilhado a  frente de Abilio. A rede varejista é hoje uma presa extremamente vulnerável devido a seus notórios problemas de performance. Segundo fontes ligadas ao próprio grupo, cerca de 100 lojas, o equivalente a 10% de toda a rede, fecharam 2014 no vermelho – oficialmente, a empresa nega este número, mas não informa quantas foram deficitárias. Há outro indicador que fala ainda mais alto sobre o desempenho da Máquina de Vendas: com a mesma quantidade de lojas da ViaVarejo – ambas têm algo próximo de 1,1 mil pontos de venda -, fatura apenas um terço dos R$ 30 bilhões contabilizados pela concorrente. No fim de 2009, ao costurar a fusão entre o Pão de Açúcar, o Ponto Frio e a Casas Bahia, Abílio Diniz criou o maior grupo varejista do Brasil, com faturamento de R$ 40 bilhões. Desta vez, as circunstâncias seriam diferentes. Juntos, Carrefour e Máquina de Vendas somariam uma receita de R$ 42 bilhões, longe dos R$ 65 bilhões em vendas contabilizados pelo Pão de Açúcar. Por ora, no entanto, estes números não passam de um amuse bouche, mesmo porque a possibilidade de integração do Carrefour com as redes Insinuante e Ricardo Eletro alavancaria consideravelmente o tamanho do negócio. E seria apenas o início da corrida. Abilio, apreciando-se frente ao espelho, se perguntaria: por que não o Magazine Luiza? Alguém duvida da sua motivação extra para ter o prazer de superar o Casino?

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