Cencosud é mais uma vítima do inverno no varejo

  • 28/03/2014
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Há algo fora do prazo de validade nas gôndolas do varejo nacional. Ao mesmo tempo em que o Carrefour procura um sócio ou até mesmo um novo controlador para sua operação brasileira e o Walmart fecha uma loja em cada esquina, o Cencosud também abriu sua temporada de cortes no país. O contracionismo começou pelo Nordeste, onde os chilenos controlam o G. Barbosa. Nos últimos três meses, o grupo teria dispensado quase um terço dos profissionais da área administrativa na região. O próximo passo deverá ser o fechamento de escritórios em capitais nordestinas. O encolhimento já estava mais do que anunciado desde o ano passado, quando o Cencosud transferiu o comando da operação brasileira de Salvador para São Paulo. O “Nordesticídio”, ressalte-se, seria apenas um aquecimento para medidas ainda mais duras, que terão impacto sobre toda a operação do grupo no país. Os chilenos pretendem concentrar na própria matriz grande parte da estrutura de compras de todas as suas redes no Brasil – além do G. Barbosa, o grupo controla as bandeiras Prezunic, Bretas, Perini e Mercantil Rodrigues. O mesmo procedimento já está sendo adotado nos demais países em que a companhia atua na América do Sul – Argentina, Colômbia e Peru. É flagrante a insatisfação do comando da Cencosud com os números da operação brasileira – no ano passado, a empresa teria registrado queda no lucro e na receita em dólar. Por ora, é bom que se diga, Walmart e Carrefour são referências distantes para os chilenos: ao que parece, o fechamento de lojas ou até mesmo a venda de ativos não constam do receituário de curto prazo. O aperto fica restrito a  navalha sobre os custos operacionais. Uma outra consequência da fraca performance é a perda de autonomia da subsidiária brasileira. O diretor-geral da Cencosud no país, Silvio Pedra, vem tendo seus poderes cada vez mais reduzidos. De acordo com informações obtidas junto ao próprio grupo, o executivo ficou praticamente a  margem da elaboração do plano de investimentos da empresa no país para este ano. O processo de esvaziamento administrativo se espraia pelas mais diversas áreas. A gestão financeira está centralizada diretamente nas mãos do CFO do grupo em Santiago, Juan Manuel Parada. A próxima vítima é a área comercial. Ao assumir diretamente as negociações com grandes fornecedores, estima-se que a matriz centralizará quase 60% das compras feitas pela subsidiária brasileira.

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