Abilio Diniz encontra uma ponte aérea para o varejo

  • 25/03/2014
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Depois de perder o reinado em seu próprio grupo, Abilio Diniz segue, como um Diógenes anabolizado, de lanterna em punho, perseguindo obsessivamente uma capitania no varejo. Abilio não engole a perda do Pão de Açúcar. Seu ego monstruoso exige compensações muito além da tacada de mestre dada com a tomada da BRF. O empresário faz charme para o lado do Carrefour – não é de hoje aspira virar marechal na operação brasileira do supermercado. Mas o jogo pesado é mesmo com a suíça Dufry AG. O ex-dono do Pão de Açúcar tem usado todo o seu aterrorizante arsenal para chegar aos 25% do capital e assim se tornar o maior acionista individual da companhia. O negócio não é nenhuma vendinha. A Dufry é dona de quase 1,2 mil lojas espalhadas em aeroportos do mundo todo. Abílio colocou o seu esquadrão panzer para funcionar, coligado com a furiosa Tarpon, ponta de lança do pesadíssimo trash metal. A dupla detém 5% do capital da Dufry. Ambos estão com um sacolão de dólares para comprar mais ações. Mas pode parar por aí. A rede de lojas não é uma BRF, nem tem no bloco de controle a Previ, uma das principais responsáveis pelo take over gerencial de Abilio na produtora de alimentos. Muito pelo contrário, no meio do caminho tem uma muralha societária e suíços dispostos a lutar como turcos sarracenos para evitar a perda de controle do capital. A líder da resistência é a Travel Retail Investment, que, associada a  Folli Follie e a  Hudson Media, detém 22% de participação e o controle da Dufry AG. Com uma diferença relevante em relação a  disputa com o Casino pelo controle do Pão de Açúcar: em vez de um opositor ferrenho, que era Jean-Charles Naouri, presidente do grupo francês, na Dufry Abilio Diniz tem, pelo menos, um trio, composto pelos investidores Andrés Holzer Neumann, Julián Diaz González e Juan Carlos Torres Carretero, todos no bloco de controle. Nem mesmo a tentativa do ex-controlador do Pão de Açúcar de fazer um acordo prévio para comprar mais ações e dividir o controle sem qualquer disputa societária tem dado resultado. Os suíços reunidos em torno da Travel Retail Investment não querem se desfazer do controle e nem querem a sombra de Diniz e da Tarpon por perto. O receio é que se repita na Dufry AG a longa e desgastante disputa que afetou seriamente o Pão de Açúcar e, em uma outra escala, a BRF. O foco da Travel Retail Investment é expandir aceleradamente o negócio nos próximos cinco anos. O Brasil tem destaque nos planos dos suíços. A rede de lojas deverá passar de 57 para 100 em dois anos, no rastro dos aeroportos que estão sendo privatizados no país. Quem conhece Abílio sabe que a vida dos manda-chuva da Dufry AG vai ser um tormento daqui para frente.

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