Walmart purga seus erros com o fechamento de lojas

  • 7/02/2014
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O Walmart vai festejar os 10 anos de aquisição do Bompreço, a serem completados em março, com todo o tipo de contracionismo. A celebração inclui fechamento de lojas, redução de investimentos, notadamente em marketing, e demissões. Esta, no entanto, é apenas a ponta do iceberg. O Walmart parece estar se esfarelando no Brasil. Segundo fontes ligadas a  própria empresa, os norte-americanos estariam decididos a enxugar ainda mais sua rede no país, avançando na sangrenta reestruturação iniciada no ano passado. A meta seria desativar, até o fim de 2014, 50 pontos de venda, o dobro da quantidade originalmente anunciada. Além dos hipermercados com a bandeira Walmart e da nordestina Bompreço, os cortes afetariam também as redes Big e Nacional, ambas com forte presença no Sul do país. De acordo com as mesmas fontes, as medidas poderão atingir cerca de1,5 mil funcionários. Aliás, o Walmart tem se habituado a caminhar na contramão do pleno emprego e aumentar os índices de desocupação medidos pelo IBGE. Desde novembro, teria demitido cerca de 300 empregados na área administrativa. Procurado pelo RR, o Walmart negou o fechamento de novas lojas, além das 25 já anunciadas no ano passado. Informou ainda que, em 2013, investiu R$ 1 bilhão no Brasil. O derretimento do Walmart é reflexo de uma série de equívocos estratégicos acumulados ao longo dos anos,que, diga-se de passagem, ajudaram a transformar a rede varejista numa máquina de triturar executivos: no cargo desde setembro, Guilherme Loureiro é o terceiro presidente no Brasil em três anos. Na ânsia de ampliar sua receita no país e tirar a distância para a concorrência, o grupo teria exagerado no ritmo de abertura de lojas. Escolheu pontos ruins, de difícil acesso e em áreas historicamente ocupadas por seus maiores rivais no mercado brasileiro, casos de Pão de Açúcar/Extra e Carrefour. São lojas que, em sua maioria, não conseguiram concorrer com o hipermercado mais próximo e tampouco com o supermercado de bairro. Os norte-americanos também demoraram a entender que não estavam no Arizona ou no Arkansas. Erraram no portfólio de produtos e, com uma boa dose de arrogância, mantiveram uma postura asséptica em relação a  guerra de preços travada pelas grandes redes do país – a dona de casa brasileira costuma deixar para trás toda a compra do mês se perceber que a caixa do sabão está dez centavos mais cara do que no supermercado do lado. Só na gestão de Marcos Samaha, o Walmart desceu do pedestal e tratou da questão de forma mais explícita, ao lançar a campanha “preço baixo todo dia”. A rede varejista arca também com as consequências de uma relação faiscante com a indústria. Por muito tempo, peitou fornecedores num nível acima do que é tacitamente permitido pelas regras do jogo, deixando feridas que teimam em não fechar. São erros que o dono de um secos e molhados em Bragança Paulista não cometeria. O que dizer, então, dos herdeiros do mítico Sam Walton… O Walmart enfrenta ainda outros problemas internos que, a  distância, podem soar como questões comezinhas. No entanto, os norte-americanos sabem bem o quanto eles contribuem para o decepcionante desempenho da operação brasileira. Um exemplo: até hoje, o grupo não teria concluído a integração dos sistemas tecnológicos de todas as suas redes no país, o que implica a existência de procedimentos duplicados.

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