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Política Monetária
A julgar pelo que se extrai da equipe econômica, Lula está querendo mesmo bons resultados na arrumação da casa. Essa é a pressão que emana do Planalto. O desequilíbrio fiscal dos estados é uma questão à parte, a ser negociada. Mas é fato que os governadores perderam muito de sua força. E o grande trunfo do marketing político são melhores números no âmbito federal. As projeções funestas para o PIB no início do ano passado eram de um crescimento de apenas 0,5%, e olhe lá. Vai dar 3%, no barato. Na área federal, Haddad está se virando para manter a expectativa de um resultado primário zerado. Tem que catar coquinho e seguir com o mantra que existem muitas áreas onde o governo pode atuar para subir a sua arrecadação. Poucos acreditam que os gastos não vão subir, ainda mais porque há uma eleição para prefeitos no meio do caminho, que acaba batendo nas contas públicas do governo.
O fato é que a Lei Orçamentária Anual de 2024 prevê um resultado primário de 0% do PIB. Lula quer um resultado negativo bem baixinho, próximo da meta, se for o caso de descumprí-la, como parece que é. Digamos que até 0,3% do PIB estaria de bom tamanho para o déficit primário do governo federal. O Focus dessa semana crava 0,8%, mantendo a previsão do boletim anterior, apesar da gritaria dos economistas que o fiscal está se derretendo. O presidente não quer deixar que a expectativa de contingenciamento de recursos se torne uma unanimidade, até porque teria que cortar nos gastos discricionários. Leia-se investimentos. Portanto aguarda-se anúncio de grande profusão de medidas de aumento da arrecadação, viáveis ou não, para pelo menos amansar as expectativas do mercado.
Do lado do crescimento, que é a prioridade, o RR pinçou a previsão da carta do Itaú, no seu Radar do Mercado, enviado aos clientes premium, ontem, que acusa uma expansão do PIB de 1,8%. A previsão é um palito acima da mediana do Boletim Focus, que prevê um aumento de 1,6%. Se o Focus errar para baixo, na mesma medida do que ocorreu em 2023, o Produto deste ano chegaria a quase 4%. Lula deve faturar politicamente, ainda, a continuidade da deflação de alimentos, e um IPCA menor, mas ainda beirando na casa dos 4%. O presidente quer porque quer, segundo a fonte do RR, um aumento do rating do Brasil, um desemprego de 7% – no máximo a continuidade na casa dos 8% – e um PIB acima de 2,5%. Tudo difícil. Fernando Haddad vai ter que rebolar.
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