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Petrobras encosta Mitsui contra a parede na compra da Gaspart

  • 1/11/2011
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A Petrobras pega, mata e come, feito carcará. Que o diga a Mitsui. A estatal abriu negociações para a compra da Gaspart, holding controlada pela trading com participação em sete concessionárias estaduais de gás – Algás (Alagoas), Bahiagás, Compagás (Paraná), Copergás (Pernambuco), PBgás (Paraíba), SCgás (Santa Catarina) e Sergás (Sergipe). Negociação talvez não o seja o termo mais apropriado. A Petrobras está usando de todo o seu poder para triturar os japoneses, levá-los a  exaustão e fechar a operação ao seu gosto. Inicialmente, a Mitsui pretendia vender, no máximo, 60% da Gaspart e permanecer com um pied a  terre no mercado brasileiro. No entanto, no que depender da Petrobras, vai ficar só na vontade. A estatal não tem qualquer interesse em adquirir apenas uma porção da participação dos japoneses. É tudo ou nada. Deve vencer a parada como e quando quiser. A Petrobras tem a faca e o queijo na mão para enconstar a Mitsui contra a parede. A operação é feita sob medida para a estatal. Difícil imaginar que um grupo do setor esteja interessado em comprar participações minoritárias em sete distribuidoras de gás e, em todas elas, ficar imprensado entre a Petrobras e os respectivos governos estaduais. Ou seja: tirando a própria estatal, que aumentaria significativamente sua presença em todas as distribuidoras, nenhum outro grupo terá poder suficiente para se sentar a  mesa e falar de igual para igual com os governos, controladores das sete distribuidoras. Resumo deste teatro de kabuki: ou a Mitsui aceita as condições impostas pela estatal ou vai suar para vender a Gaspart. De acordo com uma fonte ligada a  Mitsui, as participações do grupo nas sete concessionárias estão avaliadas em torno dos US$ 300 milhões. A decisão de venda está vinculada a uma reviravolta estratégica no Brasil. Desde a compra da Gaspart, os japoneses passaram a alimentar o projeto de entrar no capital de outras distribuidoras, notadamente em grandes centros do país, e criar um cinturão de participações com maior peso no setor. No entanto, os japoneses não ampliaram sua influência nem -dentro de casa-. Jamais conseguiram atingir o grau de poder desejado nas distribuidoras penduradas no cabide da Gaspart.

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