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Há uma espécie de guerra fria na Eneva, protagonizada pelos Moreira Salles e por André Esteves, as duas forças antagonistas no controle da empresa. Segundo o RR apurou, o BTG Pactual tem buscado o apoio de outros investidores para montar um bloco de acionistas e, dessa forma, ampliar seu poder na companhia. Entre os minoritários capazes de fazer diferença na balança figuram nomes como o norte-americano The Vanguard Group e a gestora brasileira SPX Capital.
O que está em jogo é uma disputa do BTG contra a Cambuhy, veículo de investimento da família Moreira Salles. Em dezembro do ano passado, em um movimento cirúrgico no tabuleiro societário da Eneva, o clã fechou um acordo com três outros investidores: Dynamo, Atmos e Velt Partners. Com isso, a Cambuhy, dona de uma participação de 19,5% na Eneva, passou a liderar um bloco com poder de voto de 35,7%.
Foi um duro golpe para o BTG. A instituição financeira perdeu peso decisório na empresa, mesmo sendo ainda o maior acionista individual, com 27,3% – somadas sua participação direta e as ações em nome do Partners Alpha, ligado ao próprio banco. Agora, o BTG tenta dar o troco na mesma moeda, formando uma coalizão societária que lhe permita sobrepujar os Moreira Salles. Procurados, BTG e Cambuhy não se pronunciaram.
Há divergências entre BTG e Cambuhy no que diz respeito à gestão da Eneva, empresa que nasceu dos escombros da antiga MPX, de Eike Batista. Segundo informações apuradas pelo RR, o banco de André Esteves seria defensor de uma política mais agressiva de investimentos. Já os Moreira Salles estão na direção oposta.
Não abrem mão de uma estratégia conservadora, dando prioridade à redução do nível de alavancagem e à revisão do portfólio de ativos. Nesse segundo quesito, uma operação em específico teria acirrado ainda mais as divergências entre BTG e Cambuhy. Em junho, a Eneva vendeu 15% do Complexo Parnaíba – um conjunto de seis termelétricas no Maranhão – para o Itaú Unibanco. Ou seja: um negócio em que os Moreira Salles atuaram nas duas pontas, a vendedora e a compradora.
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