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Mesmo se o BNDES conseguir pagar integralmente os R$ 130 bilhões em empréstimos que deve ao Tesouro Nacional, a conta para cobrir o buraco da “regra de ouro” não fecha. Ficam faltando ainda cerca de R$ 54 bilhões, de uma conta a pagar de R$ 184 bilhões. Uma parte, contudo, o governo já tem de onde tirar. Com o aumento da arrecadação, devem entrar R$ 30 bilhões além do necessário para a cobertura do déficit fiscal de R$ 159 bilhões, no ano passado.
O governo tem ainda projetados no orçamento R$ 10 bilhões para esses tropeços. Ficariam faltando ainda R$ 34 bilhões. Um dos caminhos para arrumar o dinheiro é a venda de parte da Eletrobras. Os ministros do Planalto e da área econômica vão fazer um ataque maciço no Congresso para demover as resistências. De qualquer forma, o estrago foi feito. Primeiramente, nunca houve risco de quebra da “regra de ouro” nos outros governos. Em segundo lugar, justamente o governo que pautou seu discurso pelo ajuste fiscal é quem arreganha o descontrole das suas contas.
Em terceiro, prestes a cometer crime de responsabilidade, o governo busca a mudança da Constituição para salvá-lo da irrevogável punição. Em quarto, justifica que a emenda constitucional seria feita de forma que a quebra da regra de ouro não mais ocorresse, pois haveria mecanismos e contrapartidas obrigatórias para evitar o desacerto. Algo como um piloto automático. Em quinto, abre uma brecha para ser chamado de governo caloteiro na campanha política; que só pagou porque mudou a Constituição do país. Temer e Meirelles precisam correr para culpar Dilma Rousseff por mais esse desatino. Na medida em que a gestão da presidenta vai ficando mais distante, os equívocos de política econômica não vão mais colar nela com facilidade. Tenha sido ela responsável ou não pela lambança.
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