Lucro do Banco Itaú é do tamanho que o dono quer?

  • 8/08/2014
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Em Roma, bem antes de Cristo, já se tinha como máxima que não bastava a  mulher de Cesar ser honesta; ela tinha de parecer honesta. O Banco Itaú, talvez devido a sua indiscutível musculatura, parece desdenhar do que pensam sobre suas práticas contábeis. Nada que o macule. Mas tudo ficaria bem mais cristalino se não houvesse informações tão dúbias em seu balanço, que, em determinados momentos, parece obra de uma engenharia de dutos e tubulações. Soa, por exemplo, estranha e mal explicada a redução de 15% no volume de provisões para créditos duvidosos. No comparativo entre junho de 2013 e junho de 2014, esta cifra caiu de R$ 7,5 bilhões para R$ 6,3 bilhões. O mais curioso é que, no mesmo período, a carteira de crédito da instituição subiu 9,4%. Onde foi parar a conhecida cautela do Itaú, sempre tão cioso ao fixar as margens para os empréstimos de difícil recuperação? O fato é que o corte nas provisões gerou uma folga e permitiu ao banco vitaminar seu lucro no primeiro semestre em R$ 1,2 bilhão. Ao se mergulhar no balanço do Itaú, é difícil compreender como o banco mensurou alguns indicadores, não obstante todos saberem que números existem para serem torturados e confessarem aquilo que seus algozes desejam. A combinação de um aumento de eficiência raras vezes visto no setor bancário com o crescimento das despesas administrativas de 10,4% chega a causar labirintite naqueles que tentam entender o cruzamento entre duas variáveis que aparentemente não se misturam. O Itaú é grande demais para deixar qualquer dúvida em relação a seus procedimentos contábeis, todos devidamente avalizados por auditoria externa de notória reputação, como manda o figurino. No entanto, muito melhor seria se o banco perdesse alguns anéis e retirasse do horizonte qualquer suspeição sob seus demonstrativos financeiros ou os critérios que levaram aos resultados do primeiro semestre. Quem avisa amigo é. E o RR só tem admiração pelo Itaú.

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