“Plano Real II” é a carta no colete de Alckmin

  • 29/08/2018
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Há um Plano Real II em discussão no laboratório econômico da campanha de Geraldo Alckmin. De antemão, as medidas apenas namoram o consenso. O núcleo duro da política econômica continua sendo as reformas de sempre e a promessa de austeridade. Mas os novos pratos do cardápio contêm ingredientes capazes de inflar o suflê de chuchu. Para não deixar dúvida da inspiração no Plano Real, o pacote contemplaria uma troca de moedas.

Quem tiver qualquer unidade monetária teria de permutá-la por uma outra espécie com regras um tanto quanto parecidas com as da repatriação do capital estrangeiro. Na ausência de comprovação da origem dos recursos, as cédulas trocadas seriam tributadas em 50%. É verdade que a base monetária hoje não é nenhum Everest, mas o impacto direcionado a alguns setores seria enorme. Por exemplo, a iniciativa produziria uma forte descapitalização do crime. Na área fiscal, estão sendo discutidas medidas para redução dos gastos com o funcionalismo público com um viés heterodoxo: todos os funcionários teriam diminuída sua carga de trabalho em 20%, com uma redução nos rendimentos correspondente à queda da carga de trabalho.

Essa medida, assim como o corte de 30% dos salários de todos os funcionários remunerados acima do teto constitucional, formariam o núcleo do chamado “Pacto pela Produtividade”. A parte fiscal, notadamente a que diz respeito à redução da dívida mobiliária interna, incluiria uma reavaliação de todos os ativos da União. Estes seriam embrulhados em um grande fundo, que ajudaria na redução do passivo. A título de exemplo, imagina-se que somente na Eletrobras haja cerca de R$ 300 bilhões em ativos depreciados devido  às fórmulas de aplicação da correção monetária.

As empresas que farão parte do “fundão” terão gestão profissional e serão levadas a mercado. Ainda em linha com o Plano Real, o pacotão traria a promessa de uma desindexação completa da economia, acabando com a inflação residual. A queda do índice de preços permitiria uma redução do juro nominal, o que também contribuiria na diminuição da dívida pública. Na ponta do emprego, o programa adotaria o modelo coreano de reduzir o custo empregatício para a contratação de mão de obra jovem. O pacote de ajustamento parece à primeira vista somente passível de implementação com o decreto de um Estado de Emergência. Tem pinta de antítese do PSDB. Mas o fato é que as medidas ventiladas estão em linha com a ousadia dos economistas responsáveis pela derrubada da inflação, grande parte colaborando com a campanha de Geraldo Alckmin. Ninguém também acreditava no Plano Real.

#Geraldo Alckmin

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