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Mais de 27 anos após o leilão de privatização da Vale – quando Antônio Ermírio foi derrotado por Benjamin Steinbruch -, os caminhos da companhia e dos Ermírio de Moraes voltam a se cruzar. Há informações no mercado de que a Auren, leia-se o Grupo Votorantim e a canadense CPP Investments, entrou no páreo para adquirir uma participação majoritária na Aliança Energia.
A mineradora pretende vender 70% do capital, parcela que estaria avaliada em cerca de R$ 4 bilhões. A concorrência não é pequena. Entre as empresas que mantém conversações com o Itaú BBA e o Morgan Stanley, advisers da Vale, estão a chinesa CTG e a francesa TotalEnergies – conforme informou o Pipeline, do Valor Econômico, no último dia 2.
Executivos do setor ouvidos pelo RR apontam alguns fatores que fariam a Auren avançar com mais sede ao pote da Aliança. Criada há apenas dois anos, a empresa parece disposta a pular etapas e acelerar seu crescimento por meio de M&As. Foi assim com a compra da AES Brasil em março, por R$ 7 bilhões, o maior investimento já realizado pela dobradinha Votorantim/CPP.
A operação permitiu à Auren saltar da 13ª para a 3ª posição entre os maiores grupos de geração do país. O segundo lugar do ranking é logo ali na frente, e a Aliança desponta como um atalho. Com a eventual aquisição, a Auren sairia de 8,8 GW para 10,8 GW, em um empate técnico com a Engie (10,7 MW) – à frente das duas, a inalcançável Eletrobras (44 GW).
E com um benefício adicional: além da venda da energia em mercado, a Aliança carrega um grande potencial de crescimento, na condição de fornecedora do insumo para a própria Vale, um cliente cativo que já está dentro de casa. Procurada pelo RR, a Auren informou que “não comenta rumores sobre eventuais processos de fusões e aquisições”. Também consultada, a Vale não se pronunciou.
Sob certo aspecto, causa até certa surpresa que uma companhia que vinha sendo conduzida em banho-maria pela Vale e pela Cemig atraia um número razoável de pretendentes. Ainda assim, a negociação para a compra da Aliança Energia tem alguns senões.
A começar pelo preço. Em março, quando a Vale comprou os 45% até então pertencentes à estatal mineira, os 100% da Aliança foram avaliados em R$ 6 bilhões. No entanto, o que se diz é que a Auren, assim como a CTG e a TotalEnergies, consideram o valuation elevado. Existe ainda outro complicador.
A informação é que a Vale pretende condicionar o negócio a um acordo de acionistas que lhe permita manter algum grau de participação na gestão, mesmo como minoritária. Talvez seja um pedágio que o comprador da Aliança terá de pagar. A ver.
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