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Quando não acerta na bucha, o RR passa bem perto. Na edição de 1º de junho, publicou que Monica de Bolle queria a presidência do BNDES. Prontamente a economista desmentiu a informação nas redes sociais, desejando sucesso a Maria Silvia Bastos. Vá lá! Passaram-se alguns meses e a fúria da “Borboleta” não arrefeceu – a menção ao lepidóptero é uma referência ao seu mais recente livro, “Como matar a Borboleta Azul”. Monica está novamente na disputa por um cargo no governo: desta vez, o alvo é o Ministério do Planejamento, ocupado por Dyogo Oliveira, que se sente interino desde que assumiu o posto. Mônica conta com um timaço fazendo o seu lobby. Armínio Fraga e Gustavo Franco são dois puxadores de voto. Mas ela não está sozinha no desejo de amanhecer na Esplanada dos Ministérios apreciando o sol nascer com cor de pancake. O outro candidato ao Planejamento é o economista Paulo Rabello de Castro, hoje na presidência do IBGE. Ele vem com a bem querência da Fiesp e da banda de música das entidades empresariais do setor agrícola. Rabello de Castro é o chamado “ortodoxo vaselinoso”. Da mesma forma que é capaz de pedir a palavra em um almoço de empresários e burocratas para elogiar o movimento militar de 1964 pela sua capacidade de dar sustentação na marra a reformas modernizantes mais amplas, tem um software implantado no córtex cerebral que o impede de entrar em qualquer confronto. Ele engraxa previamente cada frase com que tateia o diálogo. Provavelmente, a melhor definição seja a de que o economista procura usar Jean Valjean (personagem com caráter irreprochável criado por Victor Hugo) como fachada do ego para mitigar o espectro de Milton Friedman que domina, absoluto, seu self. Monica de Bolle e Rabello são tecnicamente muito bons. A primeira traz um sopro de modernidade, frescor e provocação, que, às vezes, batem cabeça naquilo que Karl Popper separa como o campo do domínio do ideológico sobre o saber empírico. A economista considera suas boutades como ciência saindo quentinha do forno. Rabello é ideológico até o fio do cabelo. É um dos fundadores e proprietários do Instituto Atlântico, que, a exemplo do Instituto Millenium e do Instituto Liberal, tem um pé na cozinha do Bispo Crivella – não chegam a ser uma Igreja ou a professar religião stricto sensu, mas se dedicam à doutrina e à pregação. Quando se perguntava a Roberto Campos quem ele indicava para uma palestra ou entrevista sobre conjuntura econômica, ele sacava de prima: “Chama o Paulo”. O interlocutor fazia a pertinente pergunta: “Mas qual dos dois”? E Bob Fields respondia: “Qualquer um. A ordem dos fatores não altera os Paulos”. Antes que se esqueça, o segundo Paulo é o Guedes, um dos fundadores do Pactual. De qualquer forma, de Bolle jamais será confundida com Rabello de Castro. Ela tem diferenças de sobra para melhor do que seu concorrente. O RR gostaria de ver a moça no Planejamento, dando trabalho a Henrique Meirelles e sacudindo o coro dos que querem esperar para ver como é que fica. Vai logo para o governo de Bolle, vai.
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