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Nelson Barbosa é o ministro da dissimulação

  • 11/11/2015
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 O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, desde sempre considera que o timing do ajuste econômico é devagar, é devagar, devagarinho, como na canção do sambista lusófono Martinho da Vila. Quando do ingresso retumbante de Joaquim Levy na Fazenda, Barbosa conspirou com Lula sobre o desgaste desnecessário de tentar fazer a toque de caixa um superávit primário de quase 2% em 2015. Não havia condições políticas nem econômicas, pois a crise internacional permanecia freando o país, o “petrolão” bombando e a arrecadação já tinha embicado para baixo. Levy, com o aplauso das primeiras horas, insistiu na tese do ajuste rápido para comemorar uma recuperação da economia igualmente rápida. Foi perdendo em todas as rodadas. Barbosa ganhou na redução do primário. Depois, venceu com a controversa cláusula de abatimento, com previsão de déficit primário. O ministro do Planejamento tem trabalhado incessantemente pela criação das bandas fiscais, o que mudaria todo o balizamento do programa de estabilização de Levy.  O fato é que Barbosa acredita piamente em uma das máximas de Mario Henrique Simonsen: não se formam expectativas racionais se as premissas, racionais ou não, carecem de credibilidade. O ajuste lento, com metas razoáveis, machuca menos e é mais crível. É nesse contexto que o ministro tem comemorado intramuros o Nelson Barbosa é o ministro da dissimulação documento/programa do PMDB, “Uma Ponte para o futuro”. O arrazoado de ideias detona com a CLT, artigos da Constituição, a garantia de que as verbas da educação e saúde não ficarão à mercê de um Eduardo Cunha da vida, a relativa independência do BC, torna o superávit fiscal permanente, desindexa o salário mínimo e deixa as políticas sociais na corda bamba ao invés de institucionalizá-las.  Barbosa acha que os mandamentos do PMDB terão o efeito de reforçar a condenação de outros ajustes épicos. Não há PMDB que aprove um moinho de insatisfações desse. E o regra-três oficial Henrique Meirelles assopra na mesma direção árida, regida pela vontade dos ativos, não obstante o marketing de que trará o maná para o povo e os estados através de crédito popular e empréstimos externos. Aos poucos, segundo Barbosa, o mercado perceberá que a marolinha vai sacudindo lentamente o mar. E o câmbio, os juros e até um pouquinho de inflação vão promovendo algum ajuste. Neste cenário, os mais descrentes vão enxergar somente um deserto na economia, sem ver que a água já estará no tornozelo da população. Nelson Barbosa quer ser ministro da Fazenda deste país devagar, devagar, devagarinho. Obs: Barbosa tem convidado, com a maior discrição, economistas próximos a ele para conversar com Dilma Rousseff.

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