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O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foi se aconselhar com dois especialistas em comunicação um deles com passagem no governo anterior – sobre a melhor estratégia para sua emaranhada situação. Meirelles é candidato a presidente da República desde sempre, mas a sua condição de titular da Fazenda o impede de confirmar o óbvio. A
sua candidatura já não lhe pertence, conforme análise do RR na edição de 22 de setembro.
A dúvida é como agir nessa encruzilhada. O ministro, um notório pavão, caiu na tentação de dar tratos ao assunto em entrevistas à imprensa. Confirmou sua pré-candidatura em praça pública. Como é de praxe nessas situações foi aconselhado a desmentir o que disse. Meirelles ainda teria quatro meses para dar a reveladora entrevista, prazo máximo para desincompatibilização do cargo caso confirme que disputará as eleições. Só não devia ter soltado o verbo agora, quando o governo atravessa uma tormenta para aprovar a reforma da Previdência.
Se a empreitada para o ajuste fiscal der certo, Meirelles fatura politicamente. Se der errado, terá dado um tiro no próprio pé. O fato é que suas declarações tendem a dividir a base aliada e dificultar a passagem da reforma no Congresso. O ministro foi aconselhado a dar entrevista enfática em horário nobre de telejornal, quer seja confirmando, quer seja desmentindo sua candidatura.
Se Meirelles estiver convicto de que o posto de ministro da Fazenda não é um rito de passagem, vai à TV. O RR ouviu de uma fonte triple A que Meirelles vai optar pela ambiguidade, reduzindo sua exposição ao assunto sucessão. O RR concorda inteiramente e faz a aposta em um único desfecho: Meirelles responderá com seu sorriso do gato de Alice, que não diz nada e diz tudo, toda vez que a pergunta for feita. É a sua marca de campanha, sua melhor tradução.
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