Exército coloca a segurança pública no xadrez da volta à normalidade

  • 23/04/2020
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O documento “Crise Covid-19, Estratégias de Transição para a Normalidade”, que chegou a ser divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos do Exército (CEEEx) e posteriormente foi retirado do site, chama a atenção para uma questão aparentemente eclipsada
pela pandemia: segurança pública. O paper explicita a preocupação das Forças Armadas com o assunto, apontando os índices de criminalidade como uma das variáveis que determinarão o timing para a flexibilização do isolamento social. Sob a ótica militar, a manutenção da lei e da ordem “será essencial para que os objetivos sanitários e econômicos sejam atingidos sem interferências negativas no âmbito da segurança pública”.

Não há números precisos – se existem, ao menos não foram divulgados. Mas, a julgar pelo referido documento, há três indicadores que precisarão ser contemplados na definição de quando e como se dará a volta à normalidade: assassinatos, roubos e furtos; saques; e a situação sanitária do sistema prisional. A criminalidade tem tido uma visibilidade bem menor do que todos os assuntos relacionados à saúde pública e à economia. Até porque, neste momento, ela é um risco latente. O curioso é a preocupação do CEEEx em trazer à baila a segurança pública como um dos vetores para que se faça a transição para a normalidade.

Nem mesmo os governos estaduais têm tratado explicitamente do assunto. Nenhum outro documento da área pública chamou a atenção para o fato – e o que chamou, ressalte-se, foi rapidamente retirado do ar. Pode ser provável que haja uma demanda reprimida do crime. O isolamento social afetou toda a cadeia de “negócios” do setor: do tráfico de drogas ao roubo de carros, passando por sequestros relâmpagos, assaltos etc. Com a quarentena, a maior parte da população está protegida em casa. Ressalte-se que uma possível escalada da criminalidade iria na contramão da queda dos índices de violência registrada em quase todos os estados. Em 2019, o número de homicídios no Brasil recuou 19%. O total de assassinatos (39,7 mil) foi o menor desde 2015. Que a saída de uma pandemia não seja a recidiva de outra.

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