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Jair Bolsonaro irá menos aonde o povo está do que aonde a soldadesca se reúne. A decisão não é oriunda de uma estratégia rasa: como Bolsonaro tem o contingente das forças nacionais de segurança como sua base de sustentação eleitoral, nada mais natural do que fortalecer sua candidatura junto a esse segmento. O raciocínio é um pouco mais sofisticado.
Bolsonaro identifica dois pontos críticos para galvanização do eleitorado de massa: a vacância de autoridade e a brutal crise de credibilidade. Quanto mais o parlamentar se aproxima do seu grupo de apoio mais a sociedade tende a identificá-lo como detentor da franquia. A lógica do capitão-candidato é intensificar sua programação de viagens por diversos estados para participar de encontros, eventos e ações organizadas por policiais militares e civis, bombeiros e guardas municipais.
A prioridade, é claro, serão as Forças Armadas, consideradas hoje o estamento mais confiável pela sociedade. No último dia 13, durante a audiência entre representantes da Polícia Civil do Rio, em greve desde 20 de janeiro, e a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Flavio Bolsonaro, um dos filhos de Jair Bolsonaro, portou-se como se fosse um dos líderes da greve da Polícia Civil. Em vários momentos, chegou a defender a continuidade da paralisação. No momento oportuno, Bolsonaro espera que esse engajamento resulte em manifestações de apoio e crescimento nas pesquisas eleitorais. Suas bandeiras são o desenvolvimento, a moralização e o resgate da autoridade, através da presença democrática do representante das forças de segurança como comandante em chefe da Nação.
Em 2016, Bolsonaro esteve presente ou foi mencionado em diversos dos movimentos e protestos da área de segurança, tais como o da PM e bombeiros de Pernambuco; bombeiros, policiais civis e militares na área de desembarque do Aeroporto do Galeão, onde foi estendida uma faixa com os dizeres “Welcome to hell”; e PM de Minas Gerais. Neste ano, pontificou na greve da PM no Espírito Santo e no protesto de mulheres de policiais militares, que atingiu 27 dos 39 batalhões do Rio de Janeiro. Em conversa com o RR, Flavio Bolsonaro negou que o pai fará uma campanha de uma nota só, voltada prioritariamente ao eleitor de farda.
No clã, o entendimento é que hoje a candidatura de Bolsonaro tem representatividade e eco nos mais diversos segmentos da sociedade. Se as redes sociais são o palanque do século XXI, talvez essa observação não esteja de todo errada. Com 3.927.748 seguidores até a noite de ontem, o capitão Bolsonaro está a apenas 400 mil pessoas de se tornar o político brasileiro com a maior comunidade no Facebook, superando Aécio Neves. Para se ter uma ideia do seu poder de alcance nas mídias sociais, uma publicação postada pelo deputado federal no último dia 12 de fevereiro saudando a passagem do Exército pela cidade de Vitória teve quase dois milhões de visualizações.
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