Racha societário deixa marcas nas paredes da Rossi

  • 12/11/2013
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A Rossi, uma das maiores incorporadoras imobiliárias do país, passa por um momento conturbado. Em meio a um cenário que combina queda de resultados e dívida crescente, os acionistas da companhia discutem a realização de um novo aumento de capital. Procurada, a Rossi nega a capitalização. No entanto, segundo executivo de um fundo de investimentos, acionista minoritário da incorporadora, as conversações tiveram início há cerca de dois meses. De acordo com a mesma fonte, os próprios sócios enxergam o aporte como a única maneira de assegurar o cumprimento de todos os projetos da carteira da empresa. O consenso, no entanto, termina neste ponto. A família Cuppolini, fundadora da empresa, não estaria disposta a participar da chamada de capital, ainda que isso lhe custe uma nova diluição da sua participação acionária – a esta altura do campeonato, talvez o menor dos problemas. A intenção do clã seria empurrar a conta para cima da Vinci Partners, dona de 10,6% da companhia e maior defensora da operação. Na ótica dos Cuppolini, a Vinci estaria emparedada, sem margem de manobra. Principal acionista individual da Rossi, a gestora de recursos é considerada a maior interessada no rápido equacionamento da situação financeira da incorporadora como forma de salvaguardar o pesado investimento feito na empresa. Em dezembro do ano passado, ao ingressar na companhia, o private equity despejou no negócio quase R$ 500 milhões. Caso seja forçada a aumentar significativamente sua participação na Rossi, um caminho mais do que natural para a Vinci Partners seria costurar a fusão da empresa com a PDG, da qual também é a maior acionista, com quase 20% do capital. Só que, mais uma vez, a gestora de recursos deve esbarrar na resistência da vizinhança. A PDG já tem suas próprias dificuldades e dificilmente os demais acionistas aceitariam abrir a porta de casa para os problemas da Rossi, que não são poucos. Um dos maiores é o passivo que pesa sobre suas pilastras. A dívida líquida da incorporadora beira os R$ 3 bilhões, o equivalente a 125% do patrimônio. É bem verdade que, em relação ao primeiro trimestre do ano, o índice recuou dois pontos percentuais. Nada, no entanto, que devolva o sono dos acionistas: há pouco menos de dois anos, a relação dívida/patrimônio estava na casa dos 90%. A performance recente da Rossi também não é motivo de alegria. No primeiro semestre deste ano, a receita líquida caiu 13% na comparação com igual período em 2012. O lucro líquido, por sua vez, saiu de R$ 113 milhões entre janeiro e junho do ano passado para aproximadamente R$ 36 milhões. Quem vai pagar a conta? É justamente o que os Cuppolini e a Vinci Partners tanto discutem.

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