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Acervo RR
A tautologia de Caetano Veloso se aplica ao momento da Ancar, uma das maiores administradoras de shopping centers do Brasil. A empresa vive hoje sob a ditadura do “Pode ser que sim! Ou não!”, como diria o bardo de Santo Amaro da Purificação. Neste momento, o sentimento de ambiguidade impera na empresa, notadamente no que diz respeito a posição da canadense Ivanhoé Cambridge. Dono de 50% da Ancar, o braço imobiliário do fundo de pensão Caisse de Dépôt et Placement du Quebec tem sinalizado a disposição de reduzir sua participação no capital da empresa, voltando a casa dos 20%, fatia que manteve entre 2006 e 2008. Fato líquido e certo? Se fosse, os Andrade de Carvalho, fundadores da Ancar, já estariam se preparando para o certo. No entanto, as notícias que chegam do Canadá não são assertivas. Gigante do setor imobiliário, com mais de US$ 30 bilhões em ativos e negócios em 20 países, a Ivanhoé Cambridge está reposicionando suas peças no tabuleiro global. Os movimentos passam, sobretudo, pelos mercados emergentes. Os canadenses continuam considerando o Brasil absolutamente estratégico. No entanto, acenam com o interesse de direcionar um volume maior de recursos para outros países, como China e Rússia. Até mesmo dentro do próprio mercado brasileiro, a Ivanhoé cogitaria fazer alguns desvios de rotas, como uma redução da posição no segmento de shopping centers, em nome de uma investida mais firme na área hoteleira e na construção de centros empresariais. Procurada, a Ancar negou qualquer mudança societária. A história da Ancar pode ser dividida em a.C. e d.C. Antes dos canadenses, a empresa tinha em carteira dez empreendimentos e uma receita anual pouco acima dos R$ 2 bilhões; depois dos canadenses, tornou-se uma voraz consolidadora do setor e hoje reúne 23 shoppings e faturamento anual próximo dos R$ 7 bilhões. A Ancar não depende da Ivanhoé para ser o que sempre foi. Mas precisa dos canadenses para ser o que é. E, principalmente, o que ainda quer ser. O plano de expansão da empresa prevê chegar a marca de 40 shoppings até 2016, seja por meio de aquisições, seja por meio de projetos greenfield. Só neste ano, os investimentos devem superar os R$ 700 milhões. Ocorre que a eventual redução da fatia acionária da Ivanhoé lança um ponto de interrogação sobre a expansão da Ancar. Mais do que isso: deixa em aberto o futuro societário da gestora de shopping centers. Segundo uma fonte próxima dos Andrade de Carvalho, dificilmente a família recompraria parte das ações em poder dos canadenses. Pode ser que sim. Pode ser que não. E o que faria a Ivanhoé? Venderia um naco da participação em mercado? Claro que sim. Ou não.
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