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Acervo RR
Ao falecer, em 2009, o saudoso João Santos parece ter levado consigo a paz que sempre reinou entre os seus. Já em 2010, pouco mais de um ano após a morte do patriarca, o RR fez menção aos primeiros sinais de fissura entre os herdeiros do Grupo João Santos. Dois anos se passaram e a publicação volta ao tema, lamentavelmente com notícias que não fazem jus a memória do fundador do grupo. A fadiga familiar se acentuou nos últimos meses, em razão das desavenças quanto ao futuro da Cimento Nassau – o maior e mais emblemático negócio do grupo. Parte dos integrantes da segunda e da terceira gerações, filhos e netos de João Santos, lideram uma espécie de motim consanguíneo. Eles defendem a venda da cimenteira. Por si só, tornar explícito o voto pela negociação da companhia já é um inequívoco indício de fratura na unidade familiar e empresarial. Fundada há mais de 60 anos, a Nassau foi a grande catedral construída por João Santos, a criatura que consolidou o criador como um dos mais poderosos empresários do Nordeste. Uma das filhas de João Santos, Ana Maria, e três de seus netos, Alexandra, Rodrigo e Maria Helena – cujo pai, o primogênito João Santos Filho, faleceu há mais de 30 anos -, seriam os principais líderes da oposição. Como oposição, entenda-se o grupo da família que nunca se conformou com a ascensão de Fernando Santos ao comando do grupo, logo após a morte do patriarca, em 2009. No caso da Nassau, o próprio Fernando seria a principal face da resistência a venda da cimenteira. Uma herança genética, que o fez replicar a paixão do pai pela cimenteira? Os parentes garantem que não. Entre seus adversários, o senso comum é que Fernando pensa apenas em si e na manutenção do seu poder e não no futuro do grupo. Embora não se saiba muito bem que futuro seria esse sem a empresa. Com receita anual em torno de R$ 2,5 bilhões, a Nassau responde por mais de 70% do faturamento do conglomerado pernambucano. Seguindo a linha de raciocínio dos pró-venda, a família está perdendo uma oportunidade de ouro para colocar uma dinheirama no bolso. Apesar da crise mundial, os ativos do setor no país estão valorizados, por conta da expectativa de fortes investimentos em infraestrutura. Fontes próximas a família garantem que alguns dos filhos e netos de João Santos tidos como notórios dissidentes já teriam recebido propostas para vender a maior parte de suas ações. A chegada de um intruso praticamente forçaria os demais familiares a entregar seus papéis, sob o risco de serem engolidos pelo forasteiro. E quem seria este estrangeiro a aumentar ainda mais a cisão entre os Santos? Em um momento anterior, a principal candidata foi a mexicana Cemex. Hoje, no entanto, as fontes do RR cravam suas fichas na Camargo Corrêa, que já teria soprado no ouvido de alguns dos acionistas do grupo cifras capazes de quebrar qualquer formação rochosa, quiçá paredes de argila. Procurado, o Grupo João Santos não se pronunciou.
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