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Acervo RR
Os irmãos Anderson e Alexandre Birman, controladores e, respectivamente, presidente e vice-presidente da Arezzo, parecem ter calçado as sandálias da humildade. Por uma longa temporada, a dupla desdenhou das tentativas do Aberdeen Asset Management de aumentar sua participação na empresa – a gestora de recursos detém apenas 5% do capital. Mas os tempos mudaram e, com o perdão do trocadilho, o sapato da indústria calçadista a cada dia aperta mais. Diante deste cenário, os irmãos Birman baixaram a guarda. Têm conversado com o Aberdeen sobre uma reestruturação societária da Arezzo, que contemplaria a ampliação da fatia do fundo. Segundo informações filtradas junto a empresa gaúcha, o fundo britânico poderá comprar uma participação adicional de até 10%. Tomando-se como base exclusivamente a cotação do papel em Bolsa, esta fatia está avaliada em R$ 250 milhões. Anderson e Alexandre Birman permaneceriam no controle, com 51% do capital. Procurada, a Arezzo não retornou. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas há alguns nós que terão de ser desatados para que a operação vá adiante. O Aberdeen já sinalizou a expectativa de que o aumento de participação e o aporte de capital lhe garantam, como contrapartida, presença na gestão da Arezzo, o que exigirá a elaboração de um novo acordo de acionistas. Para isso, os Birman vão ter de sublimar as más lembranças que este tipo de modelos lhes traz. Os irmãos já dividiram o teto com um fundo de private equity que tinha um naco mais expressivo das ações e alguma dose de influência na administração. A coabitação terminou em março deste ano, quando a Tarpon vendeu seus 11% na fabricante de calçados. O matrimônio não deixou saudades entre os controladores da Arezzo. A reta final da sociedade entre os Birman e a gestora de recursos teria sido marcada por desentendimentos. Talvez os números ajudem a dobrar a resistência dos irmãos Birman. O aumento da participação do Aberdeen permitiria a dupla de empresários ter a seu lado, de uma maneira mais firme, um dos maiores gestores de private equities da Europa. A instituição britânica administra mais de US$ 280 bilhões. Em tese, seria um parceiro e tanto para uma empresa que pretende abrir 200 lojas nos próximos três anos, sendo 30 delas na América do Sul e nos Estados Unidos.
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