Acervo RR

Mata Pires não dá paz aos herdeiros de ACM

  • 24/07/2012
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Vingança é passivo que vem no testamento. Que o digam os herdeiros de Antônio Carlos Magalhães. Eles estão pagando, com juros, o preço de uma das tantas inimizades figadais criadas por Toninho Malvadeza. O protagonista da vendeta é Cesar Mata Pires, dono da OAS e genro de ACM. O empreiteiro, que um dia chegou a ser proibido de pisar em solo baiano pelo homem que se considerava o dono da terra e de todos os seus santos, prepara mais um capítulo de sua irredutível desforra. Após a façanha de ressuscitar a OAS – que, na década de 90, praticamente quebrou ao ser alijada de quase todas as grandes obras públicas do país por influência de ACM -, Mata Pires vai investir contra a hegemonia da família na mídia baiana. O empresário está negociando a compra de concessões de rádio e TV no interior do estado. É um negócio promissor, com gostinho do sangue de seu desafeto. O RR consultou a OAS sobre o projeto de Mata Pires, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Segundo uma fonte muito próxima ao empreiteiro, a operação envolve um pacote de dez emissoras nas cidades de Feira de Santana, Juazeiro, Paulo Afonso e Vitória da Conquista. Por ora, trata-se de um grão de areia se comparado ao latifúndio das comunicações montado por ACM. No entanto, o apetite de Mata Pires é pantagruélico. Sua meta é montar, em até dois anos, um dos maiores grupos de comunicação do estado, o que lhe possibilitaria diluir a força dos Magalhães no setor. Não lhe faltam ativos para alcançar a meta, tanto tangíveis, quanto intangíveis. Além de fôlego financeiro, o empresário tem ótimo trânsito no Planalto. A rigor, é sócio do governo em uma das maiores holdings de concessões públicas do país, a Invepar, parceria entre a OAS e fundos de pensão. Vale-se também de sua boa relação com o governador Jacques Wagner, o que, aliás, permitiu- lhe se aproximar de empresários da área de mídia na Bahia, incluindo políticos da base aliada e lideranças evangélicas locais. De acordo com a fonte do RR, Mata Pires estaria disposto a investir mais de R$ 500 milhões no setor de comunicação. Ele é movido pelo ímpeto de aproveitar uma grande oportunidade empresarial, pela vontade de ampliar seu poder político no estado e por uma ânsia visceral e irrefreável de revanche contra a família de ACM. São muitos anos de fel. Mata Pires quer devolver com os violentos ataques das suas futuras mídias as diversas vezes em que foi humilhado e escorraçado por ACM na frente de familiares, amigos e clientes. Sua vindita começou pouco depois da morte do exgovernador. Ao lado da mulher Tereza, que se voltou contra o próprio sangue, o empreiteiro foi um dos artífices de um episódio que até hoje faz Dona Arlete, viúva de ACM, chorar compulsivamente diante de filhos e netos. Em 2008, no auge da disputa pelo espólio do político, oficiais de Justiça invadiram seu apartamento em Salvador, arrombaram portas e cofres e quase levaram valiosas obras de arte de seu acervo. Os Portinari e Di Cavalcanti permaneceram nas paredes da residência. Mas o ódio de parte a parte espalhou- se por toda a Bahia. No que depender de Mata Pires, esta versão soteropolitana dos irmãos Karamazov ainda vai render muita manchete.

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