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Bernardo Gradin atira farpas contra a Braskem

  • 5/07/2012
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Nas últimas semanas, Bernardo Gradin teria feito um périplo junto a diversas áreas nevrálgicas: banqueiros, representantes de entidades de classe e jornalistas teriam sido contatados. Segundo uma fonte do RR, vez sim e outra também, Bernardo estaria aproveitando os contatos para inocular informações corrosivas sobre a gestão da Braskem. O seu cardápio reúne uma invariável seleta de críticas a  empresa, que o demitiu da presidência, e suas perspectivas de médio prazo. Alguns dos petardos foram identificados pelo RR em meio a  contenda. Um deles diz respeito a  perda de market share da companhia. Segundo o raciocínio de artifício, o pedaço de mercado da Braskem deveria cair ainda mais e aterrissar em um nível menor devido a um planejamento capenga, que não levou em consideração os cenários de câmbio apreciado e crise internacional. Um argumento torturado, tendo em vista que parte expressiva dessa evasão de mercado foi motivada pela chamada guerra dos portos. Não que o câmbio tenha sido uma variável estéril, mas o corpo a corpo dos portos representou uma sangria praticamente igual a  queda das vendas devido aos incentivos concedidos a s importações. A farra das compras externas, contudo, vai cair por terra com a PRS-72, resolução que colocará um fim na redução unilateral de alíquotas do ICMS nas importações de matérias-primas petroquímicas. Para se ter uma ideia do impacto do pingue-pongue fiscal, as resinas vindas do exterior representavam, historicamente, 25% do mercado. Chegaram a 32% com as raquetadas dos portos. A expectativa é que, neste ano, já caiam em uns três pontos percentuais. E vão recuar mais com a regulamentação dos incentivos. Portanto, o market share da Braskem, no mínimo, volta para o ponto de onde descolou. A queda dos resultados da companhia também tem sido apontada como consequência de uma gestão pífia. Outro argumento mauzinho, que não poderia ser usado por quem conhece a ciclotimia intrínseca a  indústria petroquímica. As críticas do empresário a  gestão da Braskem seriam uma forma de pressionar os Odebrecht a aceitarem negociar um acordo antecipado, fechando o contencioso que corre na Justiça para cálculo de participação de cada um dos sócios. Uma outra justificativa seria o autoelogio. Ao detonar a atual gestão de Carlos Fadigas, Bernardo deixaria nas entrelinhas a mensagem de que o gestor bom foi ele mesmo. Finalmente, quando se qualifica como comandante empresarial, ele agrega valor ao seu novo negócio, a Graal- Bio, empresa de biotecnologia. Procurado pelo RR, Bernardo Gradin declarou que “não apenas nega, como repudia a possibilidade aventada”. Segundo ele, a informação é “incompatível com uma história de respeito aos princípios éticos e morais que norteiam sua atividade empresarial”. Quem acompanhou, no entanto, as três entrevistas alternadas de Bernardo por ocasião do seu botafora da Braskem tem direito a dúvidas. Ele estava, no mínimo, muito bem informado sobre a operação contra os Odebrecht na mídia. E isso nada tem a ver com honra ou princípios, mas com dinheiro, autoestima e desamor.

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