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Acervo RR
A espuma da venda da Schincariol para a Kirin nem sequer baixou e já há mais um negócio de alto teor alcoólico em fermentação no mercado cervejeiro. A Heineken partiu com toda a sede ao pote para a aquisição da Petrópolis, controlada pelo polêmico empresário Walter Faria. As conversações teriam sido deflagradas há cerca de um mês. A Heineken está disposta a comprar apenas metade do capital da Petrópolis, mantendo os outros 50% nas mãos de Faria. A rigor, ambos passariam a dividir o controle de uma holding ainda a ser criada – provisoriamente batizada pelos holandeses de -Cervejaria Brasil-. Todas as garrafas de Walter Faria, leia-se as marcas e as quatro fábricas da Petrópolis, seriam agrupadas neste novo engradado societário. Procurada pelo RR, a Heineken informou que -não comenta especulações de mercado-. Já a Petrópolis garantiu que -não tem qualquer intenção de negociar sua participação-. A fonte do RR, que acompanha a operação grudada a mesa de negociações, crava um valor em torno de R$ 6,5 bilhões para a transferência de 50% da cervejeira da Região Serrana do Rio. A cifra já embute uma inflação no preço dos ativos do setor decorrente justamente da venda da Schincariol. Para efeito de comparação, trata-se de um valor próximo ao que a Kirin pagou por 100% da empresa. O eventual ágio na venda da Petrópolis tem duas fortes razões. Além de ser a segunda colocada do mercado, atrás apenas da AmBev, a empresa se tornou automaticamente a noiva mais cobiçada do setor após a venda da Schincariol. O modelo de negócio idealizado pela Heineken deve ser enxergado como uma maneira de contornar a resistência de Walter Faria a venda integral da Petrópolis. O empresário tem a pretensão de se manter no negócio de braços dados com uma grande cervejeira internacional. No entanto, ao viver sob o mesmo teto com os holandeses, terá de se adequar a novos tempos. A Heineken inevitavelmente esquartejará a Petrópolis com o detalhismo de um anatomista. O bisturi certamente apontará para os sinuosos procedimentos da empresa – notadamente no que se refere a sua engenharia fiscal, a s práticas trabalhistas e ao relacionamento com distribuidores. A compra da Petrópolis seria um passo fundamental para o crescimento da Heineken no Brasil. Somando-se a antiga operação da Femsa, comprada no início do ano, e a fabricante da Itaipava, os holandeses passariam a ter 19% de market share, mais do que o dobro da participação da Schin, em torno de 9%. No que depender do ímpeto da Heineken, esta diferença logo será ampliada. O grupo já sinalizou a Walter Faria o interesse em investir pesado para acelerar o plano de investimentos da Petrópolis, que prevê a construção de cinco fábricas.
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