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Acervo RR
A casa caiu na Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI). A holding decidiu intervir na gestão da companhia, esvaziando consideravelmente o poder de todos os executivos. O presidente da CCDI, Francisco Sciarotta Neto, tornou-se uma espécie de Rainha da Inglaterra. Todas as decisões estratégicas estão passando pelo crivo dos próprios acionistas e dos diretores da holding. Outra mudança foi a substituição no comando do Conselho de Administração – Marcio Garcia de Souza entrou no lugar de Albrecht Reuter-Domenech. É só o começo. Os herdeiros de Sebastião Camargo pretendem passar um pente-fino nas finanças da companhia. No mês passado, a CCDI surpreendeu os acionistas minoritários e o mercado em geral ao anunciar o estouro do orçamento previsto para as obras em andamento, algo extremamente negativo para a imagem de uma construtora – nos três dias que sucederam o anúncio da revisão dos custos, a ação da empresa caiu 10%. O lançamento das despesas extras no balanço do segundo trimestre chegou a R$ 90 milhões. A cifra foi decisiva para tingir de vermelho o resultado da CCDI. Entre abril e junho, o prejuízo foi de R$ 90,9 milhões, contra um lucro de R$ 25 milhões em igual período no ano passado. Procurada pelo RR, a CCDI negou a intervenção administrativa e uma avaliação financeira mais rigorosa por parte da holding. Para cobrir as perdas, a Camargo Corrêa vai cortar na carne da CCDI. A empresa deverá ser forçada a vender terrenos para compensar as despesas que caíram do céu. Parece muito mais um paliativo do que uma medida eficiente e definitiva. O episódio atingiu as sapatas da empresa. A revelação de custos originalmente não contabilizados e a volta dos prejuízos aumentam as interrogações em torno do futuro societário da CCDI. No ano passado, a Camargo Corrêa estudou a venda da empresa – a Cyrela e a Gafisa chegaram a sondar o grupo. Os controladores do grupo colocaram o negócio em banho- maria com a recuperação dos resultados. No ano passado, a construtora teve um lucro de R$ 143 milhões, quase o triplo do valor registrado em 2009, e a receita duplicou. Com as novas perdas, a possibilidade de venda da companhia volta a tona. Até porque, mesmo com os lucros recentes, a CCDI jamais atingiu o nível de rentabilidade esperado pela Camargo Corrêa.
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