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Em tese, o empresário Fernando Simões comanda um dos maiores conglomerados de logística do país desde 2001, quando assumiu a presidência da JSL. Na prática, porém, há apenas três anos suas mãos estão sozinhas no volante. Desde então, que falta lhe faz ter ao lado a experiência e a notória intuição de seu querido pai, Julio Simões, falecido em 2012. Fernando tem penado para avançar no processo de diversificação do grupo, cujos negócios ainda estão demasiadamente concentrados nas áreas de transporte de cargas e de passageiros. A investida na área de concessões rodoviárias sofreu um duro baque com a recente derrota no leilão da Ponte Rio-Niterói – muito provavelmente, Julio Simões teria aconselhado o herdeiro a ser um pouco mais prudente e calibrar melhor a oferta de 21,4% de deságio, bem abaixo dos 36,6% apresentados pela Ecorodovias. Sem novas licitações no horizonte, Fernando aposta suas fichas no segmento de locação de veículos, uma estrada por onde circulam mais de R$ 8 bilhões por ano. Um ano e meio após a compra da Movida, a JSL acelera em direção a um ativo de porte muito maior, a Locamerica, terceira maior empresa do setor no país. Papai Julio Simões diria: “Devagar com o andor que esse mercado é de barro”. Hoje, Fernando Simões enxerga que o negócio de locação de automóveis tem mais sinergia com as empresas de carga e de transportes do grupo do que até mesmo o setor de concessões rodoviárias. A vantagem que mais salta aos olhos é a possibilidade de aquisição conjunta de veículos pesados e carros de passeio, o que aumentará consideravelmente o poder de fogo da JSL na negociação com as grandes montadoras. Controlada pelos empresários Luís Fernando Memoria Porto e Sergio Augusto Guerra de Resende, a Locamerica fatura cerca de R$ 600 milhões. Para efeito de comparação, é praticamente quádruplo da receita da Movida – cerca de R$ 160 milhões no ano passado. Não vai sair barato, diria o “Paipai” Julio Simões, pensando na conjuntura de crédito rarefeito, mercado de capitais semifechado e o BNDES em compasso de espera. Procuradas, a JSL e a Locamerica negaram qualquer negociação. Está feito o registro. Mas, digamos, que um carro encoste no outro e os dois juntos parem na mesma vaga. Uma vez no controle da Locamerica, a JSL se consolidaria como um dos grandes players do setor, credenciando-se, inclusive, a brigar pelo segundo lugar do mercado. Na prática, a vice-liderança corresponde ao topo do ranking entre os “meros mortais”, uma vez que a Localiza é praticamente inalcançável, com mais de R$ 3 bilhões de faturamento. Hoje, o segundo posto do mercado de locação de veículos pertence a Unidas, que teve uma receita de R$ 1 bilhão no ano passado.
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