Grendene navega nas águas férteis do Ceará

  • 17/03/2015
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Não faltaram tentativas, quase súplicas, mas o ministro da Educação, Cid Gomes, o principal convidado do empresário Alexandre Grendene, não dará as caras no megaevento de inauguração de “Madame Kate”. Tudo no mundo de Grendene é superlativo e precisa de tradução. “Madame Kate” é o nome do novo iate do imperador dos calçados, um colosso dos mares que está sendo construído pelo estaleiro holandês Amels, com previsão de entrega para abril. Quanto a  Kate, é ela mesma, o bichon frisé do bilionário. Não há endinheirado porto- alegrense que não tenha ouvido falar da sua inseparável cadelinha branca, também homenageada no iate aposentado, o “Lady Kate”. A cachorrinha, é claro, estará presente ao rega-bofe, mas Cid, que, junto com sua esposa Maria Celia Habib Moura, já singrou os mares e rasgou os céus nos luxuosos meios de transporte dos Grendene, acha que dessa vez é risco demais até para o seu conhecido destemor. Não se trata somente de ser ministro de um governo controverso, em meio a uma crise política, mas Cid tem nos seus calcanhares o implacável Eduardo Cunha, seu desafeto. Na última semana, Cunha não deixou nem que Cid fosse hospitalizado tranquilamente para tratar de uma suspeita de pneumonia. Afirmou que designaria uma comissão constituída de três deputados médicos para verificar a real situação do ministro da Educação, internado no Hospital Sírio Libanês. Cid não tinha comparecido a  sessão da Câmara dos Deputados para prestar explicações sobre declarações polêmicas em relação aos parlamentares. Alexandre e Cid são ligados por inquebrantáveis laços de incentivos fiscais e que tais, eternos enquanto durem. Em Sobral, no Ceará, Alexandre e seu irmão Pedro semearam no solo semiárido do Nordeste, regado com as facilidades e benefícios públicos concedidos por Cid. Para o gáudio de ambos, colheram sete unidades de produção de calçados, que dão emprego a cerca de 25 mil pessoas. A Grendene tem ramificações também em Fortaleza, Pacajus e Crato, onde emprega em torno de 10 mil pessoas. A aliança entre Alexandre e Cid não foi indolor para terceiros. Custou um “baianicídio”, com o fechamento de seis fábricas da Vulcabras/Azaleia, na Bahia. Alexandre justificou a despedida da Terra de todos os Santos devido a  “desproporcional concorrência asiática”. Vixe! Nas eleições de 2010, o potentado do Rio Grande mostrou que guarda os amigos do lado esquerdo do peito e doou R$ 1,2 milhão para a campanha a  reeleição do companheiro de viagem ao governo do Ceará. Mas, chega de assuntos políticos e empresariais, e voltemos aos folguedos, o dolce far niente. Alexandre se recorda como se fosse hoje das inesquecíveis férias com Cid nos EUA. Viajaram no seu jato Falcon 7X, com as respectivas esposas, o empresário Júlio Ventura, Kate e a babá da cadela. Por isso e por tudo, será extremamente lamentável o não comparecimento de El Cid a  recepção em Mônaco, onde ficará ancorado o iate. Mas, se não der, não deu. “Madame Kate” sempre estará disponível. E dinheiro e mar são o que não faltam.

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