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Todas as manhãs, o empresário Ricardo Dias da Cruz Ferreira cumpre o mesmo ritual. Anda lentamente até a janela do quarto, acomoda seus braços sobre o parapeito e, com o semblante invariavelmente circunspecto, põe-se a observar o meneio das ondas por longos minutos. Naquele momento, o calejado surfista e tarimbado praticante de pesca submarina parece esperar que o mar da Joatinga traga uma resposta para o maior de seus dilemas: seguir os dias vestido com o pijama da aposentadoria ou tirar do armário o velho figurino que sempre lhe caiu tão bem, o de comandante de uma das mais famosas grifes do país- Ferreira tem pensado cada vez mais na possibilidade de fazer uma oferta para recomprar a Richards, a rede de lojas que ele próprio criou há exatos 40 anos. Já estaria, inclusive, buscando parceiros para a empreitada. Segundo pessoas próximas ao empresário, Ferreira acha que as tradicionais calças chino da Richards ficariam bem, por exemplo, no cabide da Alpargatas, por sinal, desde 2012 acionista da Osklen – neste caso, o fundador da empresa, Oskar Metsavaht, permanece como sócio majoritário. O que move Ricardo Ferreira não é exatamente um sentimento de saudosismo, mas o desgosto de ver como a sua cria vem sendo tratada pela InBrands – leia-se a Vinci Partners, de Gilberto Sayão -, controladora da marca desde 2011. Ferreira, que integra o Conselho de Administração do grupo, não se conforma em ver suas antigas lojas – outrora espaçosas – apinhadas de prateleiras e balcões, com roupas penduradas por todos os lados, como se fossem um bazar marroquino. Também não tolera o fato de a InBrands ter rompido com tradicionais fornecedores da Richards e ampliado consideravelmente a compra de matérias-primas chinesas. Obcecado pelos detalhes – o empresário vivia mais na fábrica do que no próprio escritório -, Ferreira sente nos dedos os efeitos da desmedida austeridade. Para ele, a atual qualidade dos produtos da Richards denuncia que a única preocupação da In- Brands é a última linha do balanço. Como ser diferente? Uma vez financista, financista até morrer. O que move Ricardo Ferreira não é exatamente um sentimento de saudosismo, mas o desgosto de ver como a sua cria vem sendo tratada pela InBrands – leia -se a Vinci Partners, de Gilberto Sayão -, controladora da marca desde 2011. Ferreira, que integra o Conselho de Administração do grupo, não se conforma em ver suas antigas lojas – outrora espaçosas – apinhadas de prateleiras e balcões, com roupas penduradas por todos os lados, como se fossem um bazar marroquino. Também não tolera o fato de a InBrands ter rompido com tradicionais fornecedores da Richards e ampliado consideravelmente a compra de matérias -primas chinesas. Obcecado pelos detalhes – o empresário vivia mais na fábrica do que no próprio escritório -, Ferreira sente nos dedos os efeitos da desmedida austeridade. Para ele, a atual qualidade dos produtos da Richards denuncia que a única preocupação da In – Brands é a última linha do balanço. Como ser diferente? Uma vez financista, financista até morrer. As divergências entre Ricardo Ferreira e a InBrands são crescentes. Recentemente, Ferreira discordou – e foi voto vencido – da decisão da holding de transformar algumas lojas da Richards em pontos multimarcas. Foi o caso, por exemplo, da unidade localizada na rua da Quitanda, no Centro do Rio. Antes dedicada exclusivamente a linha Selaria, marca de calçados da Richards, a loja passou a vender também produtos da Ellus e da VR, também controladas pela InBrands – tudo arrumado no melhor estilo do mercado de Derb Ghallef. Em tempo: se Ricardo Ferreira pegar seu boné, não será a primeira deserção nas fileiras do grupo. Em 2011, após quatro anos de associação, a estilista Isabela Capeto rompeu a parceria com a InBrands, também insatisfeita com a gestão da empresa. Até hoje, Isabela não pode nem ouvir falar nos costureiros de Gilberto Sayão e cia.
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