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Acervo RR
A Staples, uma das maiores redes de equipamentos de informática e artigos de escritório do mundo, parece ter adotado uma tática de guerrilha para avançar sobre novos territórios no Brasil. Por tática de guerrilha entenda-se atacar por dentro o ativo mais cobiçado pelo grupo no país: a paulista Kalunga. Os norte-americanos teriam não só se infiltrado na família Garcia, controladora da rede, como estariam inoculando a discórdia nas veias do clã. O enredo shakespeariano passa por um processo de cizânia entre a primeira e a segunda gerações. Diante da recusa do patriarca Damião Garcia em vender a Kalunga, a rede norte-americana buscou um atalho e estaria em conversações com os filhos do empresário, Paulo e Roberto Garcia. Teria colocado sobre a mesa um caminhão de dinheiro, capaz de provocar fissuras na mais sólida das estruturas familiares. Segundo uma fonte ligada a rede paulista, a proposta gira em torno dos US$ 300 milhões. Procurada, a Staples informou que “tem avaliado todas as possibilidades de expansão no Brasil”. Já a Kalunga comunicou que analisa “todas as oportunidades” e, no momento certo, “a melhor decisão será tomada”. Os norte-americanos sabem bem aonde estão atirando. Tentam pegar carona nas fraquezas e nas brechas de uma família já há algum tempo dividida em relação ao futuro da Kalunga – ver RR edição nº 4.228. Aos 82 anos, Damião chega a se benzer quando lhe falam sobre a hipótese de se desfazer da empresa que fundou há quatro décadas. Já os filhos, mesmo a revelia do pai, demonstrariam cada vez mais gana em aproveitar o interesse dos norte-americanos. Kalunga e Staples são duas paralelas, cujas histórias parecem fadadas a se cruzar, como se ambas fossem personagens de um filme de Robert Altman. A rede paulista tem mais de 70 lojas e um faturamento anual superior a R$ 1 bilhão. Mas estaria encontrando dificuldades para caminhar pelas próprias pernas, sobretudo depois que grandes redes varejistas e sites de comércio eletrônico invadiram o mercado de informática. Tanto que, nos últimos meses, a própria Kalunga tem acionado alguns bancos em busca de possibilidades de capitalização. Duas destas instituições seriam o BTG Pactual e o Crédit Agricole. Por sua vez, a Staples trilha caminhos tortuosos no Brasil. Desde que chegou ao país, com a compra do site Officenet, em 2005, tem cortado um dobrado para aprumar suas operações. Os norte- americanos sempre se ressentiram da falta de lojas físicas. Além disso, a Staples está pressionada pela recente parceria operacional fechada entre a também norte-americana Office Depot e a paulista Gimba, detentora de dois terços das vendas de material de escritório para o mercado corporativo no Brasil.
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