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Acervo RR
O processo de consolidação no mercado brasileiro de cerâmica é um forno prestes a atingir mil graus centígrados. O Grupo Roca pretende responder na mesma moeda a recente fusão entre Portobello e Eliane, os dois maiores fabricantes do país. Os espanhóis negociam a compra da catarinense Cecrisa, pertencente aos herdeiros do empresário Manoel Dilor de Freitas, que fundou a companhia em 1966 e faleceu há quase oito anos. Segundo uma fonte que acompanha as conversações, a família Freitas deverá manter um pé no negócio, muito provavelmente recebendo uma participação minoritária na Roca do Brasil. Dono da Incepa, o grupo espanhol passará a ter um faturamento no país na casa dos R$ 900 milhões. Desta forma, se aproximará da dupla Portobello/ Eliane, líder do ranking nacional, com vendas em torno de R$ 1,1 bilhão em 2011. Procurado pelo RR, o Grupo Roca não quis se pronunciar. A Cecrisa, por sua vez, negou a venda do controle. A investida sobre a Cecrisa tem um duplo sentido na operação do Grupo Roca no Brasil. A motivação mais óbvia é justamente o ataque imediato a associação entre Portobello e Eliane, que, unidas, não apenas aumentaram sua capacidade fabril, como também ampliaram seu poder de barganha e sua capacidade de formação de preço junto aos revendedores. Ao mesmo tempo, os espanhóis também enxergam um movimento de defesa na compra da empresa catarinense. A Roca considera fundamental se proteger do crescente e cada vez mais incômodo avanço da indústria chinesa no mercado brasileiro. No ano passado, o aumento das importações de cerâmica bateu um recorde histórico: cresceu aproximadamente 75% em relação a 2010. De cada dez azulejos ou lajotas que entraram no país, oito vieram da China – como é de praxe, a preços bastante competitivos em relação ao produto nacional. Em algumas linhas de produto, o custo é até 30% inferior. A Roca está disposta a preservar seu território no Brasil com cacos de cerâmica na mão. O grupo nem sequer cogita a possibilidade de perder espaço no mercado brasileiro, que se tornou um piso seguro para os espanhóis diante da crise econômica em sua terra natal. Hoje, o Brasil é responsável pelo segundo maior faturamento da Roca, atrás apenas da própria Espanha. Dentro da empresa, a estimativa é que, pelo andar da carruagem nos dois países, estas posições se invertam em até cinco anos.
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