Governo

O que está por trás dos seguidos atrasos do “Novo PAC”

  • 18/07/2023
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O mais recente atraso na divulgação do PAC pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, tem algo de preciosismo, um pouco de politização do projeto e uma certa incompetência gerencial. O preciosismo tem a ver com a preocupação de que todos os projetos de uma forma ou de outra estejam adequados com os compromissos ambientais do governo, ou seja, descarbonização, uso de energia limpa, preservação ecológica e cuidados com o entorno. Há recomendação de que os projetos herdados dos PACs anteriores e os do PAC atual se preocupem com o risco da “doença holandesa”. Ou seja: as comunidades têm de ser atendidas não somente ao longo do tempo de duração das obras, mas estas têm que deixar condições de perenidade aos grupos que vivem na região. Até esse ponto, tudo bem. Rui Costa está em linha com o programa de governo do presidente Lula.

Os maiores atrasos, contudo, não são devidos à complexa engenharia de condicionar todas as unidades aos ditames ambientais. Costa tem negociado projeto por projeto com a base aliada, leia-se Centrão. Até mesmo mais do que com o PT, que reclama atenção especial. Há outros entraves para a costura final do PAC. O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, quer alinhar o programa com sua área de atuação. Ou seja: quer trazer alguns projetos industriais para dentro do PAC. Não há dúvida de que em algum momento, em breve, o programa vai sair, mas descaracterizado das suas últimas versões. Costa atrasou o lançamento do PAC por Lula pelo menos quatro vezes, para acochambrar os interesses políticos. Esse é o terceiro PAC dos governos do PT. Os primeiros ficaram como referência de incompletude e incapacidade gerencial, para não falar dos casos de corrupção. Torce-se para que esse, mesmo com Centrão e Cia., obedeça ao compromisso ambiental e enfileire obras necessárias e factíveis.

#Novo PAC

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