Dafiti pendura os sócios mais antigos no fundo do armário

  • 28/08/2014
    • Share

Quanto tempo leva para se ir do céu ao inferno? Para os sócios fundadores da Dafiti, uma das mais conhecidas varejistas de moda online do país, não mais do que três anos. Este intervalo foi o suficiente para o brasileiro Philipp Povel, o francês Thibaud Lecuyer e os alemães Malte Horeyseck e Malte Huffman conhecerem os dois extremos desta indesejável travessia: ontem, os quatro jovens investidores egressos de alguns dos mais respeitados bancos escolares do mundo eram coroados como os novos darlings do e-commerce; hoje, são vistos como um estorvo dentro de sua própria casa. O quarteto estaria sendo pressionado pelos demais sócios – uma alcateia de vorazes fundos internacionais – a se desfazer de mais um pedaço da sua participação e ocupar definitivamente um quartinho dos fundos no capital da empresa. Hoje, Ontario Teachers Pension Plan (OTPP), JP Morgan e Quadrant Capital Advisors detêm aproximadamente 60% do capital. Ao fim desta negociação – se que é que as circunstâncias suportam o uso deste termo -, esta fatia poderá ser superior a 80%. Procurada, a Dafiti garante que não haverá mudanças em sua composição societária. O RR não tem por que duvidar da palavra da empresa, ainda que o passado recente aponte na direção contrária. Povel, Lecuyer, Horeyseck e Huffman têm reduzido seguidamente suas participações no capital em favor dos fundos de investimento. É o preço que pagam pela incessante necessidade de novos aportes na Dafiti, uma máquina de moer dinheiro. Há quase um ano, o Ontario Teachers injetou cerca de US$ 70 milhões na companhia. Quase que simultaneamente, a empresa recebeu um empréstimo de aproximadamente US$ 25 milhões do International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial para o setor privado. Centavo por centavo, os recursos já teriam sido integralmente triturados para cobrir os seguidos déficits. Fontes do setor calculam que, só no ano passado, a Dafiti teria perdido mais de R$ 200 milhões. Jovens – com idades variando de 31 a 34 anos -, Philipp Povel, Thibaud Lecuyer, Malte Horeyseck e Malte Huffman têm pela frente uma longa estrada. Mas, no caso da Dafiti, a questão é saber se eles continuarão na pista ou serão empurrados para o acostamento. Os fundos de investimento jogam sobre as costas do quarteto a responsabilidade pelos maus resultados da companhia. A Dafiti é um sucesso de bilheteria. Suas vendas crescem, em média, 20% ao ano. Em 2014, deve faturar mais de R$ 800 milhões – metade vem dos pedidos feitos no Brasil e o restante, da Argentina, Chile, México e Colômbia. No entanto, a empresa não consegue transformar receita em rentabilidade. Desde a sua criação, em 2011, os sócios já aportaram mais de R$ 700 milhões no negócio e a companhia segue distante do breakeven.

Leia Também

Todos os direitos reservados 1966-2025.

Rolar para cima