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Lula quer entregar imóveis mobiliados no Minha Casa, Minha Vida

  • 14/07/2023
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A declaração de Lula sobre um possível programa de incentivos à compra de eletrodomésticos é apenas o sopro de um projeto maior. A ideia é anabolizar o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), com a entrega de imóveis mobiliados. A proposta já foi discutida com os ministros da área econômica, Fernando Haddad e Simone Tebet. As residências financiadas pelo programa habitacional incorporariam eletrodomésticos da linha branca, notadamente geladeira e fogão, e móveis básicos, como armários, camas, além de mesas e cadeiras. A medida teria como alvo a Faixa 1 do MCMV, recriada pelo presidente Lula e voltada a famílias com renda mensal de até R$ 2.640. Ou seja: seria uma iniciativa feita sob medida para uma camada da população com maiores dificuldades de acesso ao crédito no sistema financeiro.

Ressalte-se que a estratégia do governo de ampliar os benefícios do Minha Casa, Minha Vida inclui também a universalização da energia solar para todo o programa, com a instalação de placas fotovoltaicas nos imóveis. Ontem, ao sancionar a lei que recriou o MCMV, Lula vetou o artigo que previa a instalação dos painéis solares. Foi um recuo calculado. O trecho foi cortado porque estabelecia a obrigatoriedade de as distribuidoras comprarem o excedente de energia elétrica produzida por meio das placas de geração solar, proposta rechaçada pelas próprias empresas do setor elétrico. O governo pretende restabelecer o benefício em um segundo momento, não muito distante. Com isso, os compradores de imóveis pelo MCMV poderão ter uma economia de até 95% nos gastos com o consumo de energia.

A medida carrega, sim, genes populistas em seu cromossoma. Lula, um eterno morador dos palanques, poderá dizer que entrega não apenas a casa própria, mas a “casa pronta”. Noves fora o uso político, o impacto social da medida é inegável. Some-se a isso a possibilidade de aquecer setores da economia que vêm de seguidos invernos. Em 2022, as vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 6,7% em relação ao ano anterior. Em 2021, por sua vez, a retração chegou a 7%. Na esteira da recriação do Minha Casa, Minha Vida, a própria Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) sugeriu que o programa poderia incluir subsídios para a venda de equipamentos da linha branca.  Levantou uma bola que Lula já carregava com carinho debaixo do braço.

A ideia de Lula não chega a merecer um “Eureka”. A rigor, não se trata de uma iniciativa nova, mas de uma colagem de tentativas similares feitas no passado.  Em 2013, o governo Dilma lançou uma linha de crédito especial de R$ 18,7 bilhões para que os beneficiários do Minha Casa, Minha Vida comprassem móveis e eletrodomésticos. Os equipamentos, ressalte-se, não vinham integrados aos imóveis, diferentemente da proposta acalentada por Lula – o que, do ponto de vista simbólico, tem um impacto ainda maior quando da entrega da residência. O Minha Casa Melhor, como foi chamado à época, era um programa dentro do programa, acoplado ao MCMV. O incentivo durou pouco, menos de um ano e meio. A própria ideia de instalação dos painéis solares também não vem de hoje. Surgiu no governo Bolsonaro, dentro do Casa Verde e Amarela, sua versão do Minha Casa, Minha Vida.

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