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Há uma preocupação na cúpula do Ministério de Minas e Energia e na diretoria de Itaipu Binacional com a segurança operacional da usina. O motivo é a crescente tensão entre o governo de Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai, e os sindicatos locais, em especial do setor elétrico. Segundo o RR apurou, o Ministério de Minas e Energia recebeu de autoridades do país vizinho a informação de que os trabalhadores do lado paraguaio estariam articulando uma paralisação forçada da hidrelétrica.
Seria uma reação à prisão, na semana passada, de cinco dirigentes de sindicatos da área de energia. O pano de fundo da queda de braço é a Covid-19. Os trabalhadores da metade paraguaia de Itaipu protestam contra a decisão do governo de Abdo Benítez de reduzir seus salários entre 10% e 20%. A medida faz parte do pacote de ações adotadas no país para mitigar os impactos do novo coronavírus sobre a economia.
Os empregados da hidrelétrica questionam os “tijerazos” – algo como “tesourada”, em uma tradução livre – com a alegação de que os salários do lado paraguaio já estavam defasados. O assunto, inclusive, começa a espocar nas redes sociais no Paraguai, gerando discussões acaloradas. Há manifestações de apoio aos trabalhadores do setor elétrico tanto quanto mensagens agressivas contra os sindicatos, encorajando o governo a usar de força para impedir eventuais protestos.
Deve haver um “gabinete do ódio” por lá também. Por mais remota que seja, qualquer ameaça de paralisação ou de distúrbios em Itaipu acende um sinal de alerta que vai além dos eventuais transtornos para o setor elétrico – a usina responde por 11% do consumo de energia do Brasil. O ambiente psicossocial no Paraguai e a segurança da usina são questões particularmente caras à atual cadeia de comando da geradora, egressa das Forças Armadas – o Almirante Bento Albuquerque no Ministério e o general Joaquim Silva e Luna na presidência da estatal.
É possível perceber, inclusive, um compreensível zelo das autoridades ao abordar o tema. Procurado, o Ministério de Minas e Energia sugeriu que o assunto fosse tratado com a assessoria de Itaipu. Esta, por sua vez, disse que “não há risco para a segurança operacional da usina”, mas passou a bola para o outro lado da fronteira, recomendando o contato com a divisão de imprensa da margem paraguaia de Itaipu. A comunicação da usina pelo lado do Paraguai não se pronunciou.
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