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O principal projeto sobre a mesa do ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, é o resgate de um empreendimento idealizado no governo Dilma: a construção do complexo de hidrelétricas da Bacia do Tapajós. O ministro pretende destravar ainda neste ano o processo de instalação das três primeiras usinas, de um total de cinco geradoras, seguindo o planejamento inicial anunciado em 2011. A joia da coroa é a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, com capacidade de 6,1 gigawatts – o equivalente a meia Belo Monte.
O projeto, ressalte-se, enfrenta fortes resistências de ambientalistas e indigenistas. Todas as geradoras serão erguidas em regiões indígenas. O caso mais intrincado, seja pela sua localização, seja pelo seu tamanho, é exatamente o da usina de São Luiz do Tapajós. Ela ficará no território dos Mundurukus. Para a construção da sua barragem, está previsto o alagamento de uma área de 722 km2, mais do que o trecho impactado para a implantação de Belo Monte (510 km2). A instalação das usinas, portanto, exigirá tratativas complexas com os indígenas e a negociação de contrapartidas. Um bom começo seria se o governo expulsasse os mais de dois mil garimpeiros que atuam ilegalmente na reserva dos Mundurukus.
Existe um enorme potencial hidrelétrico a ser explorado na Amazônia. Somando-se todos os estudos do Ministério de Minas e Energia, o estoque de projetos chega a 16 gigawatts – equivalente a uma Itaipu. Há um quê de “Brasil grande” nesse enredo, bem ao gosto dos militares. O curioso é que todo este projeto, de certa forma, vai na contramão da privatização da Eletrobras. Se consumada, a venda da estatal prejudicará consideravelmente a construção das usinas do Tapajós. Este é tipicamente um empreendimento de Estado, que pressupõe ocupação de terras, investimento público, empenho político, além de ser algo que, eventualmente, pode gerar dividendos eleitorais.
Depois da TermoLuma, quem sabe a TermoEike…
Eike Batista é indomável. O empresário está se articulando com investidores estrangeiros para a construção de termelétricas no Brasil. A quem quiser ouvir diz que o momento é propício para a empreitada devido ao preocupante nível dos reservatórios das hidrelétricas no país – ainda que o governo garanta não haver risco de racionamento de
energia. Por onde quer que vá, Eike carrega uma extensa folha corrida: recuperações judiciais, prisão, confisco de bens, delação premiada, bilhões em prejuízos, processos na CVM etc. Mas não se pode negar que o empresário tem track records no setor de energia.
A antiga MPX, atual Eneva, teve seu brilho. Chegou a ser a maior geradora de energia térmica de capital privado do país. Um de seus investimentos mais bem-sucedidos – e polêmicos – foi a TermoCeará, mais conhecida como TermoLula. Eike ganhou rios de dinheiro em cima da Petrobras, seja com generosos contratos de venda de energia, seja na transferência do controle da geradora para a estatal. Em 2005, o empresário embolsou US$ 137 milhões na operação. À época, o então diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, disse que a compra da TermoCeará ia “transformar um negócio escandaloso em um péssimo negócio”.
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