Economia

Enquanto isso, a economia não ata nem desata 

  • 28/03/2023
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A ata do Copom justificando a manutenção da Selic devido a uma inflação resiliente de demanda vai contra o diagnóstico do governo Lula e do PT. Não há um ministro que concorde com a política monetária. O comportamento de Roberto Campos Neto, por sua vez, demonstra que ele prefere cair atirando. É como se o Brasil tivesse virado massa de manobra dos dois grupos. O governo está rubro de raiva com a conclusão da Ata de que não há relação direta entre a redução da inflação e a mudança da nova regra fiscal. Ora, até agora o que se dizia é que o novo arcabouço teria impacto sobre as expectativas inflacionárias. A Selic em si – seja 0,25 ponto para lá ou para cá – não é o que fará diferença nessa contenda. Da parte do governo, ela é o motivo encontrado para detonar Campos Neto, uma escolha de Paulo Guedes na aurora da gestão Bolsonaro. Mas Lula, nas internas, está menos preocupado com o resquício bolsonarista. Toda a pressão contra Campos Neto gira em torno da realização de uma política monetária rebelde.

O senhor das armas dessa nova política monetária e obsessão de Lula chama-se André Lara Resende. O presidente quer um “Plano Real para os juros”. Já Campos Neto segue a cartilha ortodoxa avalizada pela mercado, sua âncora no BC. Não há meio termo nessa disputa. Cada um está enxergando o que quer ver e não a realidade dos fatos. A verdade é que esse contencioso somente atrapalha a formação de expectativas. A redução dos juros não está isolada na pauta. O argumento que Campos Neto não toma decisões sozinho, mas junto a um colegiado de nove técnicos, não cola. O presidente do BC obviamente tem uma enorme influência sobre o veredito em relação ao movimento da Selic. O centro da questão é se a cabeça da autoridade monetária vai rolar. E quando. E como. Até lá os juros alimentam a picuinha.

#Copom #Selic

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