A bonança econômica que antecede a tempestade

  • 29/06/2022
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O presidente Jair Bolsonaro vai surfar em números positivos neste período pré-eleitoral, e possivelmente até o fim do ano, ao contrário do que previu o RR. Em 2023, no entanto, a batata vai queimar a mão de quem segurar o manche do governo. A bomba relógio está na contagem regressiva. Tic tac tic tac… Senão vejamos:

  • Para quem dizia que o desemprego não desceria de dois dígitos – o RR, inclusive – a taxa bateu em 9,5% em maio. Está caindo. Pode descer a 8,5%. Como dizia Keynes, se a realidade muda, nós mudamos.
  • Não bastasse a melhoria do emprego neste ano, o fato é que ela está se dando de forma consistente: praticamente todos os setores vem reduzindo demissões e aumentando a absorção de mão-de-obra.
  • O fim da pandemia, com a reabertura da economia, está tendo seus efeitos positivos além do aguardado.
  • O consumo está aumentando, porque o governo vem soltando recursos não só por meio da ampliação das políticas compensatórias e desonerações – um subsídio ao contrário -, mas também da injeção de grana a conta-gotas.
  • O câmbio apreciado ajuda a indústria, por um lado; por outro, permanece o boom de commodities, que ajudou Lula e Bolsonaro a surfarem nessa onda de riqueza. Commodity não tem ideologia.
  • O PIB pode chegar neste ano aos 2,5% de Paulo Guedes. E mais: pode bater em 3%, em parte pelos arranjos para segurar ou até reduzir os preços dos combustíveis.
  • Portanto, o Natal deve ser bom. Mas também não vai ser um festão. Os consumidores estão poupando ao invés de irem às compras. As comemorações natalinas antecedem o furacão de 2023.
  • Os juros, segundo fontes do próprio BC, mesmo com uma subida da Selic para 13,75%, tendem a caminhar com certa inércia, até porque essa singela recuperação econômica deverá postergar os efeitos restritivos e anti-inflacionário das taxas elevadas. E vice-versa.
  • Os juros deste ano não movem uma palha a inflação de 2022, mas detonam com a economia em 2023.
  • Roberto Campos Neto, conforme aposta do RR, não vai mudar a meta, o que seria recompensador do ponto de vista da política monetária do próximo governo. Sem alterar o target, o presidente do BC vai forçar o futuro ministro da Economia a fazê-lo. Como se espera um make-up do teto, as duas medidas juntas e ao mesmo tempo vão criar uma tensão indesejável nos mercados.
  • Em 2023, podemos colocar uma coroa de espinhos. Um PIB entre -1% e -2,5% (se não der 3% negativos); um desemprego de volta a 12,5% (segundo um banco mais conservador).
  • Vento que venta lá, venta cá. A brisa de 2022 deve se transformar em uma tempestade para a gestão de 2023. Não esquecer que iniciando neste final de ano, e com impacto pleno em 2023, o cenário internacional começa a assumir dimensão imprevisível, com estagflação, eclosão de novas guerras, e o aperto de liquidez no mundo devido à elevação dos juros e do QE do FED e dos BCs europeus, noves fora as crescentes expectativas de default de países  como Rússia e Sri Lanka.

#Economia #Jair Bolsonaro #Paulo Guedes

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