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Os black blocs das expectativas racionais

  • 21/10/2013
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Em algum lugar do firmamento, o professor Roberto Campos deve estar sentindo uma ponta de orgulho. Desde a vigência da Constituição de 1988 nunca antes uma campanha eleitoral para a Presidência da República terá sido tão conservadora nos seus temas econômicos. Mas ao orgulho sobrevém o desdém. As juras de fidelidade ao tripé da política econômica – meta fiscal rigorosa, inflação no target e câmbio flutuante -, assim como cortes das despesas de custeio do Estado, aceleração e ampliação radical do programa de concessões, desconstrução do BNDES, entre outras promessas, se dissolvem na boca dos candidatos como biscoitos de polvilho. São aeradas, vazias, não vão se concretizar. Os próximos anos ainda estarão sob a égide da crise internacional, que exigirá políticas compensatórias e estruturantes do Estado. Marina Silva, Aécio Neves e Eduardo Campos são os black blocs do tripé. Suas críticas monotemáticas acabam arrastando Dilma Roussef para a mesma igreja. Nenhum dos aspirantes a  Presidência vai querer colocar o social no centro do debate, mesmo sabendo que é ele o grande puxador de votos. Para Marina, a adesão a  inflexibilidade absoluta pregada pelos sacerdotes do tripé representa a sua “Carta ao Povo Brasileiro”; para Aécio, um “descompromissado compromisso” com a alma do seu partido; para Eduardo Campos, um passo de frevo. Cabe lembrar que Lula assinou sua missiva ao povo premido por uma crise de balanço de pagamentos, produzida pelo seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. De outra maneira, o Brasil iria a  bancarrota. A rigidez cadavérica que se exige do tripé é uma armadilha e parece um discurso protonazista. Se cair um meteoro no Japão, houver um furacão no Chile ou um novo Lehman Brothers nos EUA, que não se altere em um milímetro as metas rigorosas e liberdade de flutuação sob pena do castigo dos infernos. O que sustenta essa tara é outra perversão: a teoria das expectativas racionais. Ficamos mais ou menos assim: o que ancora as expectativas racionais é a imexibilidade dos fundamentals, representados pelos três vértices do tripé. Seria a receita perfeita para a estabilização econômica. Ou para a captura do Estado pelas elites financeiras. Ou falta de originalidade mesmo. Melhor nessa hora solene ouvir o que nos diz a inteligência superior de Mario Henrique Simonsen, na página 1 da obra “Ensaios Analíticos”: “A teoria das expectativas racionais se tornou a menina dos olhos de ouro da extrema direita. O fundamento da teoria é um estelionato verbal: considera-se racional quem se comporta de acordo com a teoria”. Ponto final.

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