Maldição de Tecumseh ganha sua versão empresarial

  • 9/10/2013
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A “Maldição de Tecumseh” paira sobre o Brasil. Não a original, batizada em referência ao líder dos índios Shawnee que, cercado pelo Exército, teria lançado uma praga contra todos os presidentes dos Estados Unidos eleitos em anos com final zero – casos, por exemplo, de Abraham Lincoln e John Kennedy. A variante brasileira se refere a  homônima Tecumseh, uma das maiores fabricantes de compressores para geladeiras do mundo. A empresa vem colecionando uma sucessão de infortúnios no país, que envolvem queda dos resultados, encolhimento da operação e risco iminente de uma sonora condenação pelos órgãos antitruste. Afetada pela retração das vendas, a fábrica de São Carlos, no interior de São Paulo, caminha para fechar 2013 com uma taxa de ociosidade próxima dos 40%, a maior em mais de uma década. A fatura deve cair, mais uma vez, no colo dos funcionários. A Tecumseh estuda arrendar parte do complexo industrial e, com isso, promover uma nova leva de demissões, algo que já virou rotina no passado recente da empresa. Em 2005, a companhia chegou a ter mais de 7,5 mil funcionários no Brasil; hoje, são pouco mais de três mil, que tremem e suam frio a cada anúncio de queda dos resultados. Nos últimos meses, na tentativa de recuperar mercado no Brasil, a Tecumseh teria jogado lá para o chão suas margens de lucro. Com isso, mesmo que haja um boom nas vendas para o fim do ano, dificilmente a companhia conseguirá chegar perto do lucro registrado em 2012, em torno dos R$ 30 milhões. Em meio a tantos problemas operacionais, os norte-americanos têm ainda uma espada de Dâmocles sobre suas cabeças. A expectativa é de que o Cade conclua, no primeiro semestre de 2014, as investigações sobre formação de cartel no setor. No início do processo, o próprio departamento jurídico da companhia teria recomendado a  alta direção um acordo de delação premiada. Os norte-americanos preferiram pagar para ver. Ao que parece, um passo mal calculado. Segundo informações obtidas junto a  Tecumseh, a percepção entre os próprios dirigentes da subsidiária brasileira é que só por um milagre a empresa conseguirá escapar de uma multa milionária. De acordo com uma das fontes ouvidas pelo RR, até o fim do ano a Tecumseh deverá enviar ao Brasil um grupo de executivos, que teria a missão de passar a limpo os números da subsidiária e bater o martelo em relação a  nova fornada de demissões. Na prática, seria quase uma intervenção na gestão da filial. Por essas e outras, é bom o presidente da companhia no Brasil, Dagoberto Darezzo, colocar as barbas de molho, ainda que não tenha sido eleito para o cargo em um ano com final zero – a nomeação saiu em 2008. A Maldição de Tecumseh está no ar.

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