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A política econômica do governo está sofrendo um ataque ideológico que tem duplo objetivo: impor a matriz de câmbio flutuante e o cumprimento das metas de inflação e do superávit primário que vigoraram até a metade da gestão Dilma Rousseff e levar seu impacto restritivo para o próximo ano, ampliando o risco eleitoral. A conjectura é do principal interlocutor da presidenta da República entre os economistas do governo, uma espécie de Rasputin da equipe econômica. Ele chama a atenção para o grosso calibre da munição que vem sendo utilizada: impregnação cognitiva, proselitismo, publicidade, cursos, palestras, conscientização direta através de institutos de estudos, disseminação política, lobby no Congresso Nacional e alinhamento incondicional das grandes mídias. O discurso provém basicamente do meio empresarial e se ampara em uma pedra fundamental: o governo jamais foi vítima de circunstâncias, mas, sim, errou o tempo inteiro. Não são variáveis amenizadoras, portanto, fatores exógenos e endógenos imprevisíveis, tais como a crise financeira internacional, a derrapada da China, a posição dos Estados Unidos como aspirador da liquidez internacional, as manifestações de rua, o efeito Eike Batista, entre outros. O governo teria errado sempre por ter privilegiado, através do modelo de fortalecimento do consumo, a preservação do emprego, as políticas sociais e a correção do salário acima da correção monetária, todos em detrimento dos investimentos. Só que os investimentos, segue o “Rasputin”, não viriam de jeito nenhum. E não vieram mesmo, nem com as desonerações, juros subsidiados e montanhas de recursos transferidos do Tesouro para o BNDES. Isto porque a acusação de risco jurisdicional, taxas de retorno baixas e ativismo na gestão pública dos negócios é uma “doutrina permanente” e impede o rugido do “espírito animal” do empresário. Nada motivará os investimentos. As demandas históricas dos dirigentes privados, a exemplo da redução da tarifa de energia elétrica e redução do custo fiscal sobre a folha de salários, foram criticadas, ou por terem representado uma quebra de regras ou por terem sido tímidas demais. O programa amplo geral e irrestrito de concessões do governo, o maior projeto de privatizações da história, é merecedor de menos aplausos do que de críticas, em função da sua morosidade e algaravia regulatória, ignorando-se que a infraestrutura é a maior colmeia de monopólios, lobbies e grupos de interesse distribuídos dentro do Executivo e do Congresso. Todas as previsões do boletim Focus sobre os diversos índices da economia feitas por analistas do mercado financeiro são invariavelmente negativas em relação a s projeções do governo. O economista Chico Lopes, em cruzada solitária, considera vivermos um caso de “viés de confirmação” (confirmation bias), que ocorre quando “as pessoas só são sensibilizadas por informações que pareçam confirmar suas crenças ou hipóteses, ignorando evidências em sentido contrário”. Pessimismo é a palavra-chave. “Rasputin” enxerga a constituição de uma massa crítica, que congregaria em um roldão liberais puros e autênticos e conspiradores ideológicos natos. Eles estariam beirando o limite da sua responsabilidade no uso das self-fulfilling prophecy (profecias autorrealizáveis) desestabilizadoras. “Rasputin” é radical: o governo tem de perseverar até outubro de 2014, ainda que o empresariado já tenha condenado Dilma sem provas.
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