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O inferno astral de Rubens Menin, dono da MRV, parece não ter um ponto final. Como se não bastasse o recente imbróglio na Justiça trabalhista, que, inclusive, levou a Caixa Econômica a suspender temporariamente a concessão de crédito para a construtora, e os atritos com o governo por conta dos atrasos em projetos do Minha Casa, Minha Vida – ver RR edição nº 4.557 -, Menin está diante de um novo e delicado problema, diretamente vinculado ao desempenho da companhia. A MRV não tem conseguido estancar o êxodo de clientes. No primeiro trimestre deste ano, a empresa registrou mais de dois mil distratos, ou seja, imóveis que já estavam contabilizados como receita e voltaram para a prateleira por desistência do comprador. Os cancelamentos somaram cerca de R$ 236 milhões. Esta cifra seria aproximadamente 40% superior a registrada entre janeiro e março de 2012. Segundo o RR apurou, a situação tende a se agravar. A MRV calcula que o índice de distratos no primeiro semestre poderá chegar a R$ 600 milhões. Para efeito de comparação, isso representaria uma perda equivalente a 15% da receita total no ano passado. Consultada, a MRV informou que “não comenta boatos de mercado”. O elevado índice de distratos reflete outro problema da MRV. Na tentativa de reequilibrar suas finanças, a empresa tem sido forçada a adotar uma política de crédito cada vez mais restritiva, gerando um efeito colateral em suas vendas. No primeiro trimestre do ano, por exemplo, 96% dos cancelamentos de contratos se deveram justamente a falta de financiamento para o cliente. Essa situação cria um círculo vicioso para a MRV. Hoje, mais de 90% da receita da companhia vêm da venda de imóveis no âmbito do Minha Casa, Minha Vida. Mas como a liberação de crédito por parte da Caixa Econômica tem um timing próprio, na maioria das vezes não exatamente no fuso horário das necessidades de funding das construtoras, a MRV e suas congêneres costumam usar receita proveniente de outras obras para tocar os projetos incluídos no programa habitacional. Ou seja: uma mão lava a outra e as duas juntas garantem o caixa. Com o aumento do índice de distratos, é cada vez maior o risco de que o cobertor de Rubens Menin fique curto demais. Ressalte-se que o carry over recente da MRV não ajuda. A companhia fechou 2012 com as piores margens de lucro de sua história – não por acaso, em pouco mais de 12 meses, a ação da companhia desmoronou quase 50%.
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