Quem veste a carapuça da vilania?

  • 21/05/2013
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O PSDB sabe muito bem o que vem pela frente. A boataria sobre a extinção do Bolsa Família, que se irradiou por mais de uma dezena de estados no último fim de semana, vai colocar ainda mais lenha na fogueira eleitoral. A presidente Dilma Rousseff ganhou de bandeja um prato cheio, que pode ser saboreado tanto agora quanto lá na frente, no auge da campanha. Os tucanos terão de conviver até a boca da urna com a pecha de suspeitos número 1, 2 e 3 pelo destampatório de rumores sobre a finitude da maior de todas as bandeiras das políticas distributivas do governo. Ou seja: Dilma ganhou de presente um limão para fazer uma açucarada limonada, usando o episódio como escada para propagandear não apenas a manutenção, mas a ampliação do Bolsa Família. A presidente, aliás, não demorou a degustar as primeiras gotas deste refresco. Basta ver o tempo de exposição que teve ontem na TV e a centimetragem acumulada nas edições de hoje dos principais jornais do país. Mais dois boatos como esse e Dilma se reelege ainda neste ano. A essa altura, deve haver no PSDB quem proponha um contra-ataque alegando vilania por parte do governo, no que, guardadas as devidas proporções, seria uma reedição pós-moderna do episódio de Kirov. Proeminente líder político soviético e conhecido como “verdadeiro amigo e mais próximo camarada de armas” de Stalin, Sergey Kirov foi assassinado em condições suspeitas em 1934. Stalin aproveitou a morte do camarada Kirov para promover o Grande Expurgo, que levou a  prisão e execução de centenas de “inimigos” do Estado comunista. Na ótica dos tucanos, o Kirov do PT morreu convenientemente no último fim de semana, para renascer sob a forma de um “Pogrom da oposição”. Obra do mesmo governo que estaria escondendo 22 milhões de miseráveis por não ter reajustado a linha de corte da indigência, desde 2011 fixada em R$ 70. Se nada disso adiantar, talvez não reste a Aécio Neves outra opção senão se enrolar a uma bandeira com seu recém-divulgado slogan de campanha, não exatamente pela promessa de fazer “diferente”, mas pela garantia de fazer “melhor”. Levante-te e anda, Kirov!

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